O Globo, n. 31509, 13/11/2019. País, p. 8

Bivar retoma ideia de fundir PSL com outra sigla
Naira Trindade
Natália Portinari


O presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, intensificou as conversas com dirigentes partidários no sentido de fazer fusão com uma outra legenda. Além do DEM, do prefeito de Salvador, ACM Neto, Bivar já abriu diálogo também com representantes de outras duas siglas: o PROS e o PSC. A deputados aliados, o presidente Jair Bolsonaro anunciou ontem que vai sair do PSL para criar o partido Aliança Pelo Brasil.

— Há um sentimento de agrupar partidos que tenham a mesma convergência de ideias e de pensamentos. Fico feliz com o interesse desses partidos porque acho que conglomerar ideias para você se fortalecer é muito bom, melhor que fracionar. Estamos conversando entre si e (eles) sabem que o PSL não se opõe — afirmou Luciano Bivar ao GLOBO.

Para Bivar, o momento agora é de “multiplicação”. Ele afirmou que dirigentes partidários precisam ter liderança, não necessariamente estando à frente do partido.

— O PSL precisa se multiplicar agora, com novas pessoas. Não precisa ter um presidente que tenha controle do diretório nacional, mas tem de ter uma liderança — disse Luciano Bivar.

Questionado sobre as conversas com o PSL, o presidente nacional do DEM, ACM Neto, afirmou “não haver nada de concreto” neste momento e que o partido não pode se envolver na confusão entre o PSL e Bolsonaro.

— Por diversas vezes já disse que não há motivos para o Democratas se envolver no atrito entre o PSL e o presidente da República — disse ACM Neto ao GLOBO.

O DEM tem atualmente três ministérios e ocupa as presidências da Câmara e do Senado. Mesmo assim, a legenda nunca deliberou sobre um apoio formal ao governo.

Em meio às tentativas de reagrupamento político na base de Bolsonaro, o ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) e substituto no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), criticou ontem a quantidade de partidos existentes no Brasil, que hoje somam 32. O comentário foi feito diante da pergunta sobre como avaliava a ideia de Bolsonaro de criar uma nova legenda. Ele evitou comentar se daria tempo para haver coleta de assinaturas e para o TSE aprovar a criação da sigla em apenas seis meses.

— Resta saber se vai haver aprovação. Eu, quando estive na atuação no TSE, votei pela desaprovação dos últimos partidos. Eu creio que o Brasil já tem partidos em demasia. Em vez de se buscar a correção do (uso do) fundo partidário, se busca a correção da forma, da vitrine — declarou.

Prazo curto

Ouvido pelo GLOBO em caráter reservado, um ministro do TSE aposta que não haverá tempo para a criação de um novo partido nos próximos seis meses, se considerada a necessidade de conferências das assinaturas e o julgamento de recursos possivelmente apresentados por adversários.