O Globo, n. 31538, 12/12/2019. País, p. 8

Maia vai à Europa para ‘contraponto’ a Bolsonaro
Bruno Góes


Com uma agenda desenhada para abrir contatos e estreitar laços do parlamento brasileiro com entidades internacionais, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, terá uma série de encontros a partir de hoje com líderes mundiais ignorados ou atacados pelo presidente Jair Bolsonaro, na definição de alguns de seus interlocutores. Maia começará o giro hoje por Genebra, na Suíça, onde se reunirá com o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, com a ex-presidente do Chile Michelle Bachelet, hoje comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para direitos humanos, e com o presidente do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab.

Desde o início do mandato, a linha da política internacional do governo Bolsonaro tem sido de críticas públicas com alguns desses organismos. Na visão do presidente da República e do chanceler Ernesto Araújo, essas organizações são orientadas por ideologia de esquerda e desempenham um papel fundamental para o avanço do chamado “globalismo”.

Aliados do presidente da Câmara consideram que a posição “ideológica” de Bolsonaro prejudica o país. Por isso, avaliam que o esforço de Maia é uma tentativa de “limpar a barra” do Brasil.

Na agenda de Maia ainda estão os encontros com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, o diretorgeral da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Guy Ryder, e diretorgeral da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI), Francis Gurry.

No início do mês, Maia teve encontro com o presidente eleito da Argentina, o kirchnerista Alberto Fernández. Enquanto disputava a eleição contra Mauricio Macri, Fernández foi alvo de Bolsonaro, que manifestou preferência pela reeleição de Macri. Na ocasião do encontro com Maia, Fernández enviou mensagem a Bolsonaro:

— Se nos respeitarmos, é mais fácil conviver. Transmitam ao presidente meu respeito e o meu apreço para trabalharmos juntos.