Título: Funeral promove contato histórico
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Fonte: Jornal do Brasil, 09/04/2005, Internacional, p. A8

O funeral de João Paulo II fez com que os presidentes israelense, Moshe Katzav, do Irã, Mohammad Khatami, e da Síria, Bachar al-Assad, inimigos de longa data, reestabelecessem um contato direto, sem precedentes na história.

Depois da cerimônia no Vaticano, Katzav, de origem iraniana, trocou palavras em persa com Khatami e apertou duas vezes a mão de Assad.

Damasco rejeita Israel desde a criação do Estado, em 1948, enquanto que Teerã, desde a proclamação da República Islâmica (1979) se recusa a reconhecer a existência do Estado hebreu, e prega inclusive sua destruição.

Segundo a imprensa israelense, Katzav e Khatami se cumprimentaram e conversaram por alguns minutos, evocando as origens comuns: os dois dirigentes nasceram na cidade iraniana de Yazd, no centro do país.

O contato ocorreu no momento em que as personalidades políticas que acabavam de assistir aos funerais do papa deixavam, juntos, o local. Pouco antes, no início da cerimônia, Katzav percebeu que Assad estava sentado logo atrás dele. O presidente do Estado hebreu então virou na direção do líder sírio e o cumprimentou em árabe. Em seguida, apertaram as mãos.

Ao término da cerimônia fúnebre, foi o presidente sírio quem retribuiu a atenção e apertou novamente a mão do colega hebreu.

Horas mais tarde, no entanto, Katsav, disse em declarações que o ato não teve relações políticas. O mesmo foi divulgado pela agência oficial de notícias da Síria, que disse que o gesto foi apenas uma formalidade.

Também no Vaticano, na véspera de seu casamento, o príncipe Charles cumprimentou ontem, sem querer, o controverso presidente do Zimbábue, Robert Mugabe.

O príncipe, separado do presidente zimbabuano por um assento na área reservada a líderes mundiais, ''foi tomado por surpresa e em uma posição na qual não pôde evitar estender a mão ao senhor Mugabe'', explicou um porta-voz de Clarence House, residência oficial do herdeiro do trono britânico.

No entanto, a fonte frisou que Charles considera ''detestável o atual regime zimbabuano'' e ''apoiou o Fundo de Ajuda e Defesa do Zimbábue, que trabalha com oprimidos pelo regime''.