Título: Doentes abandonados em GO
Autor: Melissa Medeiros
Fonte: Jornal do Brasil, 09/04/2005, Brasília, p. D3

Pacientes levados para abrigo em Águas Lindas estão sem remédio e médicos

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa e o Ministério Público do DF constataram ontem que o abrigo Morada para Jovens da Terceira Idade - Novo Rancho, em Águas Lindas (GO) não tem medicamentos e nem profissionais capacitados para atender os 30 pacientes, portadores de de transtornos mentais, transferidos do Hospital São Vicente de Paula, em Taguatinga, para aquele município goiano. Segundo a presidente da Comissão, deputada Érika Kokay, a ida foi motivada por denúncias de que esses portadores de transtornos mentais estão sem receber medicamentos de uso contínuo e sem acompanhamento médico-terapêutico.

O vice-presidente da instituição, Heron Almeida da Luz, explicou que, há quase cinco anos, o local foi criado para abrigar idosos que viviam na rua. Mas a assistência social do HSVP entrou em contato com o Novo Rancho tentando conseguir um lugar para Lucineide Pereira Barros, 42 anos.

- Nós recebemos a Lucineide que havia sido rejeitada por todos as casas de assistência do DF e, a partir daí, o hospital foi encaminhando os pacientes sem família para morarem aqui - contou Heron.

Como os pacientes eram moradores do DF, o HSVP enviava mensalmente uma equipe para prestar atendimento e levar os medicamentos. Porém, a Secretaria de Saúde cortou, há quase dois meses, essa contrapartida. O diretor do hospital, Mário Antônio Crispim, disse que a suspensão aconteceu porque o Novo Rancho é localizado em Águas Lindas e a responsabilidade pelos doentes é do estado do Goiás.

- O encaminhamento era feito pela assistência social e, quando a informação foi repassada para a secretaria, eles constataram que isso não deve ser feito. Se eles acharem que podemos retomar, faremos isso imediatamente - afirmou Crispim.

Érika Kokay disse que vai enviar à Secretaria de Saúde, na próxima semana, um relatório pedindo liberação emergencial do atendimento domiciliar e dos medicamentos. O documento também vai mostrar a situação que vivem os portadores de transtornos mentais.

- A primeira providência é conseguir de volta o que já vinha sido feito, pois os pacientes eram do DF. Precisamos também conseguir recursos fixos para a entidade, que faz um trabalho muito humano e só conta com doações voluntárias - afirmou a deputada.

O coordenador de Saúde Mental da Secretaria de Saúde do DF, Antônio Geraldo, confirmou que, em 07 de março, proibiu o encaminhamento dos pacientes para a instituição e solicitou uma avaliação das condições do local. Ele disse que vai esperar o relatório da Comissão para tomar as providências.

Serviço

A instituição precisa de doações de carne, leite, frutas e materiais de construção. Contato: Heron ou Josias - (61) 618-6466.