Título: Pais têm dificuldades para aceitar
Autor: Soraia Costa
Fonte: Jornal do Brasil, 09/04/2005, Brasília, p. D8

Para os pais de crianças com epilepsia, a maior dificuldade é aceitar a doença. Há cerca de dois meses o comerciário Fábio de Sousa, 30 anos, e a professora Cláudia Regina Gonçalves de Sousa, 39 anos, descobriram que o filho Thiago, de dez anos, tem epilepsia. Thiago começou tendo crises de vômito e diarréia. Um dia desmaiou no banheiro e os médicos disseram que ele estava com rotavirose. No dia seguinte ao do diagnóstico, Thiago teve um crise convulsiva e a epilepsia foi detectada por meio de um eletro-encefalograma.

No caso do menino, havia uma pré-disposição para a doença, pois seu avô paterno, de 65 anos, também é epiléptico. Os sintomas, no entanto, foram desencadeados pelas mudanças no organismo características do início da adolescência.

No pai de Fábio, a doença apareceu há 25 anos. Com a medicação, as crises foram controladas e há 8 anos ele não apresenta sintomas da epilepsia. A mãe de Thiago, Regina, diz que, mesmo já tendo o contato com a doença na família, ficou assustada por não saber o que estava acontecendo com o filho.

- Foi terrível. Não sabíamos o que estava acontecendo, como seria a vida dele e o que poderíamos fazer pra ajudar - afirma ela.

Os médicos explicaram como deveria ser o tratamento e os cuidados a serem tomados. Os pais avisaram a escola e estão procurando se aprofundar nas informações sobre a doença.

- A questão psicológica da criança é muito complicada. Ele tem medo de ter crises na escola - afirma a mãe, que apesar de ainda se sentir insegura com relação à doença, tenta não transmitir isso ao filho e incentivá-lo a ter vida normal.

Na escola em que Regina trabalha uma das alunas teve uma crise compulsiva recentemente e ninguém sabia como agir. Foi Regina quem ensinou às colegas professoras como deveria ser o procedimento nestes casos.

- Ainda há muito preconceito e desinformação com relação aos epilépticos. Estamos começando a fazer eventos educativos, mas estas ainda são iniciativas isoladas - reclama Carlos Aucélio.