O Globo, n. 31479, 14/10/2019. País, p. 4

‘Não abro mão’ de definir candidaturas, diz Bolsonaro

Sérgio Roxo


Além da disputa pelos agora milionários recursos do PSL, o racha entre o presidente Jair Bolsonaro e o comandante do partido, Luciano Bivar, passa também pela escolha dos nomes que o partido lançará nas urnas no ano que vem. Oferecer o comando de diretórios regionais a parlamentares e prometer a legenda para que sejam candidatos em 2020 tem sido uma forma de Bivar angariar apoio para si dentro da sigla.

O presidente da República, por seu lado, afirmou que “não abre mão” do poder de vetar candidaturas indesejadas do partido na eleição municipal de 2020.

— Se estiver bem como estou hoje, posso influenciar nas eleições municipais. Quero ter o poder de vetar nomes, não abro mão. Estou na política há 30 anos e sei como funciona. Você conhece um homem depois que ele tem o poder — declarou Bolsonaro na noite de sábado, no Estádio do Pacaembu,onde assistiu à vitória do Palmeiras sobre o Botafogo.

O presidente também disse que é “lógico que existe” chance de deixar o PSL:

— Não estou atrás de fundo partidário, fiz minha campanha com R$ 2 milhões na vaquinha virtual. O PSL ganha R$ 8 milhões por mês. É dinheiro público e todo mundo tem que saber o que é feito com esse dinheiro. É uma caixa preta.

A crise entre Bolsonaro e o PSL gerou uma troca de ofensas entre o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) e o líder do PSL no Senado Major Olímpio (SP) em uma rede social, ontem. Ao longo da semana, Olímpio se disse “perplexo” com as críticas de Bolsonaro a Bivar, e disse que os filhos do presidente se comportavam como “príncipes”. Carlos recorreu ao Twitter para criticar o senador.

“No hospital, após a facada, o tal Major Olímpio chorou em frente a meu pai, que me determinou foco primordial na eleição do tal. Assim o fiz e hoje, este senhor diz absurdos sobre o trabalho que exerço de forma esgotante. És um bobo da corte!”, escreveu Carlos.

Ao rebater, Olímpio lamentou as “baixarias” de Carlos. “Não vou entrar nessa, moleque!”, retrucou o senador.