Título: Lins suspeita que disputa de poder motivou chacina
Autor: Ana P.Verly, Marcello Gazzaneo e R. Albuquerque
Fonte: Jornal do Brasil, 12/04/2005, Rio, p. A13

Chefe de Polícia Civil acredita em hipótese de brigas entre grupos de extermínio na Baixada

Uma disputa de poder entre grupos de extermínio é uma das hipóteses que a polícia cogita como motivação da chacina que deixou 29 mortos e um ferido, na Baixada Fluminense, no dia 31 passado. A tese foi anunciada ontem pelo chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, após audiência na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). A disputa entre as quadrilhas de execução na região passaria ainda pelo controle do mercado de segurança clandestina, que envolve policiais militares e oficiais da corporação, conforme reportagem do Jornal do Brasil revelou no domingo. Para Álvaro Lins, a ação do grupo -- uma das vítimas levou 13 tiros - não só foi um desafio às autoridades, como também uma demonstração de força.

- Isso reflete uma disputa de poder pelo extermínio. Queriam ser absolutos na região - afirmou o chefe de Polícia Civil.

Essa disputa também teria como motivo, de acordo com informações que serão investigadas, o domínio na segurança clandestina nos municípios da Baixada. Um esquema de segurança privada feita por homens da PM, inclusive oficiais, já vem sendo investigado pela corregedoria da corporação. Estes policiais seriam ligados a grupos de extermínio da região.

O massacre do dia 31, ocorrido nas cidades de Nova Iguaçu e Queimados, também teria sido uma resposta às investigações da corregedoria. O trabalho do órgão levou a mudanças nos batalhões de Duque de Caxias (15º), Mesquita (20º), Magé (24º) e Vilar dos Teles (21º) e no Comando de Policiamento da Baixada (CPB), o que teria causado descontentamento dos PMs que trabalham para empresas clandestinas de segurança.

Apesar de ter informado que a disputa entre grupos de extermínio estaria entre um dos motivos da chacina, a principal linha de investigação da polícia continua sendo a represália por parte dos polícias envolvidos à nova linha de disciplina imposta pela Secretária de Segurança Pública nos batalhões da região.

Na audiência na Comissão de Direitos Humanos da Alerj, onde apresentou aos deputados um relatório sobre as investigações, Álvaro Lins anunciou que o total de vítimas da chacina é de 30, com 29 mortos e um ferido, e não de 32 como vinha sendo noticiado. De acordo com Álvaro Lins, duas mortes que aconteceram na Rua Jacó Menor, no bairro de Corumbá, em Nova Iguaçu, não têm relação com o crime. O chefe de Polícia também descartou a participação de integrantes do alto escalão da PM.