O Globo, n.31.622, 05/03/2020. Economia. p.28

Maia defende que Estado volte a investir para país crescer
Bruno Góes 
Marcello Corrêa 


 

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse ontem que a lenta recuperação econômica do Brasil já era esperada e defendeu que o Estado volte a investir. Ressaltando a importância das reformas estruturais na economia, Maia avalia que a “principal mensagem” dos números do Produto Interno Bruto (PIB) é a necessidade da participação do Estado no crescimento e no desenvolvimento do país.

Em contrapartida, a equipe econômica defende que o caminho para estimular o crescimento não passa pelo aumento de gastos fiscais. Pelo contrário: a aposta é no efeito do ajuste das contas públicas sobre a credibilidade da economia brasileira. O secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, lembrou que não há espaço fiscal para aumentar os gastos e avalia que a saída para lidar com o cenário adverso, de avanço do coronavírus, é a aprovação de reformas.

— Já era a expectativa, uma expectativa que infelizmente foi confirmada, não tão positiva. Os números mostram uma queda do volume de investimento público, queda de serviços na área pública, o que prova que a aplicação do Orçamento, os investimentos públicos, são muito importantes para ajudar o crescimento econômico —disse Maia.

CONSUMO DO GOVERNO CAI

O presidente da Câmara destacou a importância das reformas para o crescimento, mas ressaltou que o setor privado não pode resolver tudo:

— A gente não consegue organizar um país apenas com as reformas, cortando, cortando, cortando. Isso tudo é fundamental: reforma administrativa, previdenciária, tributária. Agora, para o

Brasil crescer, é importante que a gente olhe que o setor privado sozinho não vai resolver todos os problemas.

No ano passado, o consumo do governo caiu 0,4% em relação a 2019.

Para Sachsida, não há como o governo voltar a ser o indutor do crescimento, e a expansão da atividade terá de vir prioritariamente do investimento privado:

—Não há espaço fiscal para o aumento de gastos. A PEC do teto de gastos não permite isso, e nós entendemos que é fundamental manter o teto de gastos. Além disso, há estudos nacionais e internacionais que indicam que aumentar o gasto público pode reduzir o PIB. Em outras palavras, o que está ocorrendo é uma consolidação fiscal expansionista. Ao reduzir o gasto público, os juros caem e abrem espaço para aumentar os investimentos.