Título: Genoino é escolhido por Campo Majoritário
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Fonte: Jornal do Brasil, 11/04/2005, País, p. A3

Maioria do partido escolhe deputado para a presidência da sigla

O deputado José Genoino, atual presidente do Partido dos Trabalhadores, deve continuar no cargo depois das eleições do partido, em setembro. O deputado federal foi aclamado durante o segundo dia do encontro nacional do Campo Majoritário do PT - grupo que reúne 60% dos militantes e compõe a base de sustentação do governo Lula - como candidato do grupo à presidência do partido.

O encontro aconteceu no Hotel Novo Mundo, na Praia do Flamengo, numa manhã bastante calma. Dos ministros que participaram do evento no sábado: Antônio Palocci, da Fazenda, Humberto Costa, da Saúde, e José Dirceu, da Casa Civil, o único presente foi Dirceu. Na saída do evento, o chefe da Casa Civil não quis fazer um balanço do evento.

- O Genoino fala. Sou ministro, não é bom ficar falando - despistou, correndo para seu carro.

Apesar das inúmeras críticas das alas mais à esquerda do partido, Genoino rechaçou a pecha de que o Campo Majoritário seja a direita petista e afirmou que seu grupo compõe a verdadeira ''esquerda do PT''. Segundo Genoino, o caráter de esquerda da ala é definido pelo compromisso pela igualdade e inclusão social.

- Ser de esquerda hoje no Brasil e no mundo é lutar por mais igualdade social - disse.

Todas as candidaturas petistas devem ser apresentadas formalmente no dia 21 de maio. A composição da chapa do pré-candidato não está definida. Ela só será feita depois do PED (programa de eleição direta), em 18 de setembro. De acordo com Genoino, o Campo Majoritário irá apresentar 108 nomes e deste grupo sairão os componentes da chapa.

A eleição deve reunir os 830 mil filiados do partido. Segundo Genoino, será feito um esforço para que a maioria participe da votação. Para isso, as filiais contarão com um sistema de votação informatizado.

Genoino informou que a campanha dos candidatos será feita por meio da imprensa do PT, de plenárias e de debates setoriais - prioritariamente nas cidades onde o PT governa.

Genoino disse não ter definido se vai se licenciar da presidência do partido durante a campanha.

- Isso será objetivo de uma conversa franca e sincera com as chapas. A campanha só vai começar a partir de maio. Pretendo ouvir inclusive meus concorrentes, com os quais eu tenho uma relação muito boa, como o Valter Pomar e o Raul Pont - disse, sem citar Plínio de Arruda Sampaio. A seção gaúcha da DS (Democracia Socialista), tendência de esquerda do PT, indicou ontem o nome de Pont, deputado estadual e ex-prefeito de Porto Alegre, para ser o representante da esquerda na disputa do PT.

Apesar das sucessivas divergências internas do partido, Genoino diz que a defesa do governo Lula é uma questão resolvida entre os membros do PT.

- O que guia o PT é a continuidade do governo Lula no processo de eleição em 2006.

Mas, de acordo com ele, o partido pretende deixar a discussão para o início do ano que vem. Apesar de defender a reeleição do presidente Lula, Genoino afirmou que a antecipação da agenda eleitoral de 2006 não é a intenção do partido, mas mostrou as armas que o governo usará nos próximos meses:

- Vamos fazer uma defesa do governo Lula, enfrentando nossos adversários. Mostrando que as críticas que eles fazem são errada. Em relação à carga tributária, eles é que a aumentaram em 10% do PIB, não nós. O PT não está fazendo gastança nem aumentando impostos, eles é que aumentaram - disparou, referindo-se aos adversários PSDB e PFL, partidos que apoiaram o governo passado.

Com Folhapress