Correio Braziliense, n. 21390, 09/10/2021. Política, p. 2
​Para Lula, Bolsonaro só sabe provocar
Cristiane Noberto
Apesar de dizer que só terá certeza de sua candidatura presidencial nas eleições de 2022, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém o ritmo e o discurso de campanha. Após uma semana de conversas políticas com diversas siglas em Brasília, o último dia de Lula na capital foi de encontro com jornalistas, quando afirmou que seu principal cartão de visitas é o legado que deixou no governo e que o presidente Jair Bolsonaro não tem ideia do que seja administrar o país.
"Não esperava que quando eu deixasse a Presidência, tudo o que nós conquistamos estaria sendo destruído. Um país rico que não vale nada na mão de alguém que nunca se preparou nem para governar o conjunto habitacional onde mora se fosse síndico. Bolsonaro não sabe fazer outra coisa a não ser provocar, a não ser contar mentiras todos os dias. Não tem sensibilidade com as 600 mil vítimas de covid. Não tem um gesto para dizer 'eu estou com vocês'", criticou.
Ao ser questionado sobre a nova alta de 7% no preço da gasolina, anunciada no momento da entrevista, Lula disse que Bolsonaro não tem pulso para controlar a economia."Sabe aqueles caras que batem a mão na mesa e dizem 'eu falo, eu faço, eu xingo?'. Na verdade, ele está dando a demonstração de que totalmente incompetente para governar esse país", disse.
Protestos
Ao ser questionado sobre a ausência nos protestos e manifestações a favor do impeachment de Bolsonaro, Lula disse que não foi por uma questão de responsabilidade. "Quando eu subir no caminhão, estará subindo o candidato que está ganhando todas as pesquisas e poderá ganhar no primeiro turno. Quando eu subir no caminhão, não é para descer mais".
O ex-presidente usará a Operação Lava-Jato na campanha eleitoral. O partido já vinha consolidando a questão por meio do chamado "Memorial da Verdade", que visa reunir informações sobre os supostos equívocos cometidos pela força-tarefa e pelo ex-juiz Sergio Moro. "Estou realizado como ser humano, porque tomei as decisões corretas na hora certa. Tomei a decisão de ir para Curitiba e ficar na barba do Moro para mostrar que ele era mentiroso", afirmou.