Estado de S. Paulo, n. 46921, 05/04/2022. Política, p. A11

Lula fala em ‘tirar’ 8 mil militares do governo

Souza, Matheus de


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou ontem que pretende tirar “quase oito mil militares que estão em cargos” comissionados no governo federal caso volte a ocupar a Presidência da República. O petista disse que, mais difícil do que vencer as eleições neste ano, vai ser “desfazer o desmonte das instituições” realizado, segundo ele, pelo governo de Jair Bolsonaro.

“Nós vamos ter que começar o governo sabendo que nós vamos ter que tirar quase oito mil militares que estão em cargos, pessoas que não prestaram concursos”, declarou Lula, durante reunião da Direção Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Levantamento do Tribunal de Contas da União (TCU) de 2020 apontou que o número de militares que ocupavam cargos civis no governo federal mais do que dobrou em relação ao governo Temer. A quantidade de militares – tanto da ativa quanto da reserva – havia passado de 2.765, em 2018, para 6.157, segundo o relatório.

Um levantamento do Poder360, feito no mesmo ano a partir de dados da Lei de Acesso à Informação, indicou 8.450 militares da reserva ocupando postos em ministérios, comandos e tribunais militares.

Nos governos do PT, a sigla era acusada de lotear o Planalto com aliados, entre eles sindicalistas. Quando Bolsonaro assumiu, o na época ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que era preciso “despetizar o Brasil”.

‘Pilantras’. No mesmo evento, o ex-presidente disse que a eleição de deputados estará no centro da estratégia do PT para as eleições deste ano. “Como é que a gente vai trabalhar para não deixar eleger pilantras, como a gente vai fazer para não deixar a direita ter uma maioria”, disse o petista. A relação de Lula com o Congresso foi marcada pelo escândalo do mensalão, esquema de compra de votos de parlamentares. •