Título: Cardeais se impõem silêncio
Autor: Olivia Hirsch
Fonte: Jornal do Brasil, 10/04/2005, Internacional, p. A11

Os cardeais reunidos no Vaticano impuseram-se desde ontem um período de ''intenso silêncio e oração'' que durará até o fim do conclave, que começa no dia 18. O período de silêncio costuma acontecer durante a reunião, mas foi antecipado, pois a Santa Sé estaria preocupada com as especulações e sua influência na votação.

- Foi uma decisão unânime a fim de evitar entrevistas e encontros com os meios de comunicação - anunciou o porta-voz do Vaticano, Joaquin Navarro-Valls. - Isso não deve ser interpretado como desprezo pela mídia. É um gesto de muita responsabilidade.

O efeito da escolha do pontífice pode ser medido pela reação mundial à morte de João Paulo II. Muitas das pessoas presentes em seu enterro cantavam ''Santo já'' e o pedido para que o papa polonês fosse canonizado foi reforçado ontem pelos jornais italianos, que informaram que o Vaticano já tem conhecimento de seus milagres. Há histórias de pessoas que retornaram de coma irreversível e a cura da leucemia de um menino de 4 anos.

O Vaticano alega que o processo só pode começar cinco anos após a morte da pessoa a ser canonizada, mas o novo pontífice tem o poder de antecipar os procedimentos. Essa antecipação aconteceu, por exemplo, por meio do próprio João Paulo II no caso de Madre Teresa.

O enterro do papa foi o primeiro dia da novena que termina na noite anterior ao conclave. Uma das nove missas desse período gerou controvérsias porque será celebrada pelo cardeal Bernard Law, ex-arcebispo de Boston, que largou o cargo em 2002 após escândalos de abuso sexual nas igrejas dos Estados Unidos.

Ontem, a basílica de São Pedro foi reaberta, mas o movimento é baixíssimo em comparação com a peregrinação da semana passada.