O Globo, n. 31505, 09/11/2019. Economia, p. 28

‘Não privatizar Eletrobras seria crime’, diz Mansueto
Ramona Ordoñez


O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, defendeu a privatização da Eletrobras, sustentando que pela falta de capacidade de investimento, a empresa perde competitividade a cada ano. Ele destacou ainda que a receita obtida com os leilões de petróleo realizados esta semana deverá ser possível reduzir o déficit primário do setor público para entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões, bem abaixo da previsão da ordem de R$ 139 bilhões.

— Se nós não privatizarmos a Eletrobras, nós estaremos fazendo um crime contra o povo brasileiro. Porque deixar a Eletrobras da maneira que está, sem capacidade de investimento, significa que a cada ano vai perder mercado e ficar menos competitiva — destacou o secretário, que participou de evento organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), ontem, no Rio.

Na última terça-feira, o presidente Jair Bolsonaro assinou projeto de lei que autoriza a privatização da Eletrobras e estabelece as regras do processo. O texto prevê que o governo brasileiro não terá a chamada golden share, classe especial de ações que dá poder de veto à União em decisões estratégicas.

Mansueto ressaltou que a estatal teve elevados prejuízos e que, agora, não tem capacidade de investir. Ele também fez críticas a medidas adotadas no governo de Dilma Rousseff para o setor elétrico, principalmente a medida provisória 579, de 2013, que tratou da revisão dos contratos de concessão do setor elétrico.

Com a melhora na economia e aquedada taxa de juros, a expectativa, diz o secretário, é que a dívida do país vai seguir crescendo até 2023. Depois disso, começará acair, sem considerar os recursos que virão com as privatizações. Segundo Mansueto, o governo espera fechar 2028 com uma dívida na casa de 72% do PIB, contra os 79% atuais.