Título: Protesto reúne 400 na Baixada
Autor: Mariana Filgueiras
Fonte: Jornal do Brasil, 10/04/2005, Rio, p. A25

Organizada por amigos das vítimas da chacina da Baixada, a manifestação Queimados pede Paz começou em guerra. Policiais militares do 24ºBPM (Queimados) foram impedidos de participar da passeata por parentes das pessoas assassinadas, que bloquearam a passagem das viaturas com o carro de som. O tumulto só acabou quando o prefeito do município de Queimados, Rogério do Salão, fez com que o comandante do batalhão, coronel Marco Aurélio Hippert, abraçasse o padrasto de uma das vítimas. - Nós temos coração, e estamos tão revoltados quanto vocês, pois este crime é uma mancha na corporação - garantiu o comandante.

Os manifestantes aplaudiram o gesto e iniciaram a passeata rezando o Pai-Nosso em frente ao lava-jato, um dos cenários do crime. Cerca de 400 pessoas acompanharam a manifestação, vestidas de branco, com cartazes e faixas exigindo justiça. A faxineira Geralda Costa Magalhães, esposa de João Rodrigues Costa Magalhães, uma das vítimas assassinadas no Campo da Banha, também em Queimados, levava um cartaz com a foto do marido.

- Eu tenho 48 anos hoje, e vivia com João desde os 17. Ele era um trabalhador. Agora, o que será da minha vida? - questionava Geralda.

No fim da passeata, os manifestantes deram um abraço simbólico no 24º BPM, local onde estão lotados alguns dos suspeitos de participar da chacina.

Ao mesmo tempo, em Nova Iguaçu, uma missa era celebrada em nome das vítimas do município, na catedral principal da cidade. Logo após, cerca de 300 manifestantes fizeram uma passeata saindo da catedral até a Praça Rui Barbosa.

No movimento Basta de violência, queremos paz!, algumas pessoas carregavam imagens do Papa, e crianças levavam os nomes dos mortos em cartazes. No carro de som, os nomes das vítimas foram repetidas várias vezes.