Título: Ataques à economia
Autor:
Fonte: Jornal do Brasil, 10/04/2005, Brasília, p. D3
Formatada para uma segunda edição mais ampla, a Carta aos Petistas e às Petistas reconhece as dificuldades enfrentadas pelo governo federal para ''superar estragos'' deixados por gestões anteriores. Os signatários reafirmam que ''lutam pelo sucesso'' do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas fazem críticas contundentes à política socioeconômica adotada pelo Executivo. - Somos contrários às escolhas que foram feitas na política econômica que implicaram em um continuísmo por vezes mais ortodoxo do que no governo FHC. Lutamos pela superação do neoliberalismo - diz um trecho da carta.
Em um outro parágrafo, o texto ressalta a importância da mudança na orientação do partido - ''2005 tem que ser diferente de 2003 e 2004''. Para isso, destacam, é necessário reafirmar o papel do PT como pólo de esquerda.
- Exigirá que a relação entre nosso Executivo e sua base congressual seja feita em termos distintos do ''troca-troca'' fisiológico, que tem caracterizado a política institucional no País.
Os signatários do documento, defendem a abertura de diálogo com o comando do partido como fundamental. Alguns, como o deputado distrital Paulo Tadeu, colocam essa dificuldade de debate como causa de alguns acontecimentos marcantes no partido, como a derrota da presidência na Câmara dos Deputados e a expulsão de três membros do partido em 2003 - a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados federais Babá (PA) e Luciana Genro (RS), que criaram uma nova legenda, PSOL.
Um dos maiores críticos do Palácio do Planalto desde que deixou o Ministério da Educação, no ano passado, o senador Cristovam Buarque, acredita na importância do movimento, do qual não participa. Mas afirma que não conhece outra política econômica que possa ser adotada sem trazer riscos para o País.
- O problema do Brasil não está na política econômica, mas na política orçamentária. O dinheiro vai para parcelas privilegiadas da sociedade - afirma o senador. (MS)