Título: Petistas questionam governo Lula
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Fonte: Jornal do Brasil, 10/04/2005, Brasília, p. D3

Partido no DF assina carta com críticas às políticas social e econômica que será lançada terça-feira

Na terça-feira próxima, os movimentos de esquerda dentro do Partido dos Trabalhadores farão o lançamento no DF da segunda edição da Carta aos Petistas e às Petistas. O evento ocorrerá às 19h no Teatro dos Bancários. Escrito em dezembro do ano passado e divulgado oficialmente um mês depois, durante o Fórum Social Mundial, em Porto Alegre (RS), o documento reúne duras críticas de algumas correntes à política econômica e social implantada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A intenção é provocar o debate sobre os rumos do PT no ano em que será realizado o Processo de Eleições Diretas (PED) - marcados para setembro - quando serão eleitos os novos presidentes das Executivas em todo o País. Poderá ser trocado também o atual presidente nacional da legenda, José Genoíno.

- A carta reflete a insatisfação de setores importantes do partido na condução da política econômica pelo governo, neste posicionamento de ir mais para o centro, privilegiando a governabilidade e não os movimentos sociais - explica o deputado distrital Paulo Tadeu, um dos signatários da carta.

Cerca de 600 petistas, de todo o País, estão integrados ao movimento. Além de Paulo Tadeu, estão na lista os distritais Chico Leite e Arlete Sampaio. Apesar de não aparecer na lista, a deputada federal Maninha, integrante da Ação Popular Socialista (APS) teria prometido assinar junto com a ala que defende. Outros dois movimentos no DF - Democracia Socialista e Articulação de Esquerda - estão representados.

O movimento agrega quase um terço da bancada do PT no Congresso Nacional e no diretório nacional da legenda. Segundo Chico Leite, a idéia é mostrar ao núcleo mais inflexível do partido que a melhor maneira de contribuir para o que chama de ''vitória da esperança'' sobre o medo é ''criticar com responsabilidade'', apresentando alternativas.

- Somos contra a adoção de um discurso no governo diferente de quando se era oposição, mas também contra quem vira as costas, abandonando uma travessia difícil de 500 anos de elite dominante na condução do País - explica o distrital.

Para ele, a grande vitória do movimento seria atrair o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para composições exclusivamente com a esquerda.

O senador Cristovam Buarque, candidato em potencial para a sucessão ao GDF, afirmou desconhecer o teor da carta, debatida em sua primeira versão na sede nacional do partido, em São Paulo. Mas concorda que é necessário abrir um canal de discussões dentro da sigla.

- O debate está morto no Brasil. Se o PT era antes quem debatia, hoje fica na defensiva. O maior problema é a surdez política - afirma Cristovam. (MS)