Título: Bancada do PMDB sai a campo para defender Jucá
Autor: Daniel Pereira
Fonte: Jornal do Brasil, 13/04/2005, País, p. A3

Depois dos ministros José Dirceu (Casa Civil) e Nilmário Miranda (Direitos Humanos), ontem foi a vez de a bancada do PMDB no Senado sair a campo para defender o ministro da Previdência, Romero Jucá (PMDB-RR), acusado de participar de operações irregulares envolvendo recursos públicos. Em nota lida em plenário pelo líder do partido na Casa, Ney Suassuna (PB), a bancada diz que as denúncias são ''vazias'' e versam sobre assuntos ''já totalmente esclarecidos''.

- Romero Jucá, cuja capacidade, inteligência, responsabilidade e trabalho sempre foram reconhecidos no Senado, onde exerceu as funções de liderança, representa no governo federal um dos espaços do nosso partido e, portanto, merece a nossa solidariedade - afirma a bancada do PMDB na nota, que foi assinada por 20 dos 23 senadores do partido.

Não ratificaram o texto o ex-ministro da Previdência Amir Lando, que está viajando, e os senadores Pedro Simon e Gerson Camata. Simon não assinou a nota porque, segundo ele, a bancada do PMDB não foi ouvida na ocasião da indicação de Jucá. A escolha seria de responsabilidade do presidente do Senado, Renan Calheiros, e do ex-presidente José Sarney.

- O governo não pode dizer que foi surpreendido. Sabia das denúncias antes da nomeação de Jucá - disse Simon.

Encarregado de coordenar o trabalho de coleta de assinaturas em apoio ao ministro da Previdência, Suassuna afirmou que a maioria da bancada, em decisão democrática, apoiou a indicação. Ontem, a ala governista do PMDB vendia a versão de que as denúncias contra Jucá, que seriam requentadas, teriam ao menos dois objetivos. Um deles, de penugem tucana, seria conturbar o relacionamento do partido com o PT, a fim de impedir que o PMDB embarque na campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, indicando o vice na chapa que concorrerá em 2006.

O outro interessado nos ataques a Jucá seria o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP). Ao defender esclarecimentos mais convincentes por parte do ministro da Previdência, Cunha estaria mirando em um de seus concorrentes dentro do PT para o posto de candidato do partido ao governo de São Paulo. No caso, o senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que participou de forma ativa das negociações da minirreforma ministerial anunciada no começo de março.

Na próxima segunda-feira termina o prazo dado pelo procurador-geral da República, Claudio Fonteles, para que Jucá apresente esclarecimentos sobre o caso Banco da Amazônia (Basa). Após analisar as informações, Fonteles decidirá se vai pedir a abertura de inquérito contra o ministro da Previdência no Supremo Tribunal Federal (STF). Jucá é acusado de apresentar sete fazendas inexistentes como garantia para empréstimo obtido no Basa para financiamento de um abatedouro de frangos do qual foi sócio, o Frangonorte.

Segundo o ministro, a responsabilidade pela apresentação das fazendas é de Luiz Carlos Fernandes de Oliveira, que o substituiu na sociedade e seria hoje o responsável pela dívida.