O Globo, n.31.584, 27/01/2020. Economia. p.13

Bolsonaro: corte de imposto a empresas ainda demora
Assis Moreira 

 

A promessa do ministro da Economia, Paulo Guedes, de reduzir à metade o imposto sobre as empresas não ocorrerá tão cedo, pela sinalização dada ontem pelo presidente Jair Bolsonaro em sua visita à Índia, país que acaba de baixar esse tipo de taxação. Bolsonaro deixou claro ainda que a reforma administrativa que o governo vai enviar ao Congresso está praticamente pronta, para aproveitar o primeiro semestre, antes que os parlamentares se concentrem nas eleições municipais.

—A carga tributária( no Brasil) é um .( Mas) não se pode reduzir de uma hora para outra. Estamos aproveitando a reforma tributária — disse Bolsonaro.

—A culpa não é só minha. Os estados têm independência e autonomia para mexer nos percentuais de impostos, e os municípios, em parte, também.

Guedes prometeu cortar à metade a taxação sobre as empresas durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, no ano passado, no primeiro mês do governo.

 

‘CIPOAL TRIBUTÁRIO

Recentemente, o governo de Narendra Modi reduziu o imposto para empresas na Índia de 35% para 25% — ou 17%, no caso de novos projetos industriais —, para estimular a economia. A projeção oficial é que o PIB cresça 5% este ano.

Bolsonaro lembrou que o presidente americano, Donald Trump, também cortou impostos para empresas “e a economia foi lá para cima”. Mas ele ressaltou que é complicado alterar a legislação tributária, afirmando que, nos 28 anos que passou no Congresso, não viu nenhuma reforma ir adiante:

— E o Brasil continua nesse cipoal tributário que dificulta se produzir, empregar, e encarece a exportação.

Mais cedo, Bolsonaro havia feito afirmações, ao ser perguntado sobre taxação das empresas, quede rama entender que uma abertura comercial do país será gradual para não quebrara indústria nacional.

—O Guedes já me disse que se fizer de uma hora para outra ele quebra a indústria nacional. Tem que ser devagar— afirmou, depois de participar, como convidado de honra, das celebrações do Dia da República,que festeja 70 anos de Constituição da Índia.

Perguntado sobre qual aprioridade do governo, tendo em vista que no segundo semestre os parlamentares estarão concentrados nas eleições municipais, Bolsonaro respondeu:

—A reforma administrativa está praticamente pronta, só falta a última palavra com Paulo Guedes. E a reforma tributária também é importante.

Mas o presidente não disse qual projeto de reforma será enviado primeiro, respondendo que “tanto faz a ordem, o Paulo Guedes decide lá”. Fontes do governo têm sinalizado que a reforma administrativa que o governo pretende encaminhar ao Congresso será feita em fases. A expectativa é que tudo esteja aprovado e implementado até 2022.