Título: ONU chega hoje a Porto Príncipe
Autor: Sheila Machado
Fonte: Jornal do Brasil, 13/04/2005, Internacional, p. A12

Missão é liderada por brasileiro

Uma missão do Conselho de Segurança da ONU, liderada pelo embaixador brasileiro Ronaldo Mota Sardenberg, viaja hoje para Porto Príncipe para tomar conhecimento da situação no Haiti, dias depois de violentos choques entre a polícia local e ex-militares.

Os enfrentamentos do fim de semana deixaram 10 pessoas feridas e dois ex-militares morreram. Os confrontos envolveram antigos oficiais do Exército e a polícia haitiana, apoiada pelos capacetes azuis (sob bandeira da ONU).

A missão do Conselho de Segurança no Haiti ocorre paralelamente a uma reunião do grupo consultivo do Conselho Econômico e Social (Ecosoc). Este encontro ocorre de hoje ao dia 16 e também será coordenado pelo embaixador do Brasil nas Nações Unidas.

O Brasil é responsável pelo maior contingente de tropas na Missão da ONU para a Estabilização no Haiti (Minustah). Criada em junho do ano passado, a missão conta com 6 mil capacetes azuis, sendo 1.200 soldados brasileiros e 1.400 policiais internacionais.

Segundo Sardenberg, o objetivo, tanto da reunião do Ecosoc quanto da visita do Conselho de Segurança, é reafirmar ante todos os personagens do cenário político haitiano o apoio à Minustah e à presença da ONU no país pelo tempo que for necessário.

- A missão também destacará o compromisso da comunidade internacional em favor da estabilidade e do desenvolvimento do Haiti e do papel preeminente, além da responsabilidade, do governo de transição na busca desses objetivos - afirmou o brasileiro.

O comandante da Minustah, Carlos Chagas, contou ao JB que o esquema de segurança foi reforçado para receber os embaixadores.

- Alguns dos 2700 homens mobilizados na capital terão as funções readaptadas - disse Chagas.

O oficial lembrou ainda que outro motivo da viagem dos embaixadores é incentivar a ajuda internacional a projetos de desenvolvimento social e econômico.

- Sem melhoria das condições de vida aqui, não há presença internacional que dê jeito - salientou.

Depois da queda do ex-presidente Jean Bertrand Aristide há um ano, grupos de ex-militares, que contribuíram para sua queda e pediam a volta do Exército que o ex-governante dissolveu em 1994, ocuparam edifícios públicos transformados em quartéis em várias cidades do país.

Sob os auspícios da ONU, o Conselho Eleitoral (CE) haitiano marcou eleições municipais, legislativas e presidenciais para o fim deste ano.