Título: Rio tem o pior desempenho industrial
Autor: Sabrina Lorenzi e Samantha Lima
Fonte: Jornal do Brasil, 13/04/2005, Economia & Negócios, p. A19

Férias de laboratório derrubam produção do estado em fevereiro. Indústria extrativa registra expansão

O Rio amargou o pior resultado da indústria nacional em fevereiro. A queda de 3,4% na produção contrasta com o aumento de 4,4% da média nacional. Os laboratórios derrubaram o resultado do parque fluminense, ao cortar a fabricação de 44% dos medicamentos, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O desempenho do setor farmacêutico também puxou para baixo o resultado da indústria de transformação, que apresentou taxa negativa de 4,2%, após nove meses ininterruptos de crescimento. Segundo o IBGE, a queda é atribuída à concessão de férias coletivas em uma grande fábrica de medicamentos localizada no estado. Cortes na produção partiram, ainda, da metalurgia básica (-13,4%), edição e impressão (-18,0%) e borracha e plástico (-31,0%).

Entre as seis atividades que mostraram expansão no Rio, os principais impactos vieram de veículos automotores (33,8%) e minerais não-metálicos (36,2%). A indústria extrativa, que inclui o petróleo e costuma derrubar a média estadual com as paradas de manutenção das plataformas, desta vez teve desempenho positivo, de 2,1%.

- A indústria do Rio vem definhando. Sempre há uma tentativa de reação que acaba não tendo sucesso. É bem diferente do que ocorre no Nordeste, por exemplo, que tem uma indústria bem parecida com a fluminense, com grande peso dos setores de vestuário e alimentos. Mas lá foram criados pólos industriais, que geram muitos empregos e mais renda, o que acabou alimentando o desempenho da própria indústria - analisa Julio de Almeida, diretor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.

O desempenho elevado do setor de veículos automotores é explicado, segundo a economista Luciana de Sá, da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) pela exportação.

- Mas acredito que este ano poderemos melhorar o resultado, com os investimentos anunciados para a indústria do estado, da ordem de R$ 50 bilhões. Sem falar na entrada em atividade de quatro plataformas de petróleo este ano - acredita.

O Nordeste, em sua 13ª expansão consecutiva, registrou crescimento de 8,2% no período. Produtos químicos (17,1%), alimentos e bebidas (8,8%) e têxtil (15,2%) estão entre os oito segmentos que elevaram a produção.

Além do Nordeste, outras 10 das 14 regiões pesquisadas tiveram expansão na produção frente a fevereiro de 2004. No entanto, oito tiveram desempenho abaixo da média do país, o que reforça a tese de desaceleração da atividade industrial. Além do Nordeste, avançaram acima da média Amazonas (21,8%), Santa Catarina (9,9%), Minas Gerais (6,8%), Ceará (6,4%) e São Paulo (5,9%).

O melhor desempenho industrial do país, verificado no Amazonas, se deve, em grande parte, pelo avanço em material eletrônico e equipamentos de comunicações (46,5%).

Com crescimento abaixo da média ficaram Pernambuco (4,1%), Bahia (4,0%), Paraná (2,0%), Pará (1,6%) e Goiás (0,4%). Além do Rio, apresentaram recuo na produção os estados de Espírito Santo (-0,1%) e Rio Grande do Sul (-1,8%).