Título: Tráfico sexual é reprimido em 3 países
Autor: Hugo Marques
Fonte: Jornal do Brasil, 15/04/2005, País, p. A5
Brasil, Espanha e Portugal fazem prisões
Uma megaoperação policial prendeu ontem traficantes de pessoas no Brasil, Portugal e Espanha. Em Anápolis (GO), foram presas sete pessoas que enviaram 100 mulheres para a Europa nos últimos três meses. A quadrilha se preparava para mandar mais 80 mulheres e homens para se prostituírem na Europa. Na Espanha, foram detidas 23 brasileiras enviadas para o mercado da prostituição. Até o início da noite de ontem, o resultado da operação em Portugal ainda não era conhecido. Todas as brasileiras detidas no exterior serão mandadas para o Brasil nos próximos dias. A Operação Castanhola começou a ser planejada entre os três países quando uma das garotas aliciadas por traficantes europeus telefonou para o pai em Goiás e pediu que ele recolhesse dinheiro para pagar a passagem de volta ao Brasil, e também para despesas contraídas na Europa.
A cabeça da quadrilha em Goiás, presa ontem, é a aliciadora Neiva Inês Jacoby, conhecida no circuito Anápolis-Goiânia como Gaúcha. Também foi preso o proprietário da Transamérica Viagens e Turismo, Jair Pedrosa Júnior. A empresa está envolvida com o envio das mulheres para o exterior, em troca de pagamento de ''recompensa'' por aliciadores de prostíbulos europeus, conhecidos como ''clubes'' femininos.
Outro aliciador preso, Antônio de Oliveira, o ''Toninho'', é o principal parceiro de Gaúcha. Foi presa ainda Thais Ramos da Silva, que sobretaxava as passagens vendidas às mulheres. Este recurso era uma forma de tornar as mulheres ainda mais escravas de valores, que jamais conseguiam pagar aos aliciadores. A lista de prisões inclui ainda Adriana Aires Ribeiro Oliveira, esposa de Toninho, Carla Witalar Barbosa de Barros e Laudelina Mateus da Silva, cabeleireira e aliciadora.
O delegado Luciano Ferreira Dornelas, que acompanhou a operação em Goiás, afirmou que 11 mulheres foram detidas na Espanha, mas a embaixada do país em Brasília anunciou no final da tarde que o número já tinha subido para 23. Segundo ele, a quadrilha começou a enviar também homens goianos para se prostituírem na Europa, principalmente na cidade de Santander.
Os agenciadores, diz o delegado, recebiam 300 euros (R$ 990) para cada mulher enviada. A equipe da PF realizou várias buscas e apreensões nos escritórios e residências da quadrilha e encontrou tickets de passagens como prova do tráfico internacional.
A quadrilha prometia na Europa empregos de garçonete e camareira. Algumas delas tinham consciência que trabalhariam como prostitutas, mas a quadrilha prometia emprego em cabarés de luxo. Além das passagens superfaturadas, as mulheres tinham que assumir dívidas antes da viagem, no valor total de 3,2 mil euros (R$ 10,5 mil). A maioria das garotas enviadas para a Europa têm entre 19 e 29 anos e somente o primeiro grau.