O Globo, n. 31489, 24/10/2019. País, p. 6

Parlamentares preparam destituição de Eduardo

Guilherme Caetano


Em mais um episódio da disputa por poder no PSL, aliados d’o presidente do partido, Luciano Bivar, devem protocolar na executiva nacional um pedido de dissolução do diretório estadual em São Paulo. O órgão comandado por Eduardo Bolsonaro entrou na mira da ala bivarista após o filho do presidente Jair Bolsonaro ter manobrado para destituir o deputado Delegado Waldir do cargo de líder do PSL na Câmara, na última semana.

Ao mesmo tempo, o grupo ligado a Eduardo tem procurado acabar com os diretórios municipais —dezenas foram fechados desde o início da crise envolvendo o partido e o governo federal.

Encabeçado pelo senador Major Olimpio e pelo deputado federal Júnior Bozzella, próximos a Bivar, o documento espera apenas pela assinatura da deputada federal Joice Hasselmann para ser enviado à Executiva. A assessoria do senador informou que o pedido poderá ser protocolado hoje.

Como líder, Eduardo disse ao GLOBO que não vai retaliar seus colegas de sigla:

— Só estou retomando o status quo. Só estou retornando a como estava o partido há duas semanas. Os deputados que estão na comissão X permanecem na comissão X. E qualquer outro tipo de retaliação que qualquer pessoa possa ter sofrido por ter assinado a lista minha ou do Waldir, serão desfeitas. Não vou retaliar.

No diretório de São Paulo, o clima é de prontidão desde que a crise entre os dois grupos se acirrou nas últimas duas semanas. Nesse meio tempo, o foco do conflito esteve em Brasília, mais precisamente na liderança da sigla na Câmara. Após um cabo de guerra entre os grupos ligados a Bivar e à família Bolsonaro, Eduardo foi escolhido para o posto, na última segunda-feira. No dia seguinte, ele anunciou que desistiu de ser indicado para a embaixada brasileira em Washington, embora negasse que a conquista na Câmara tenha influenciado na decisão.

Prestes a serem derrubados do diretório de São Paulo, aliados de Eduardo têm descarregado a munição contra os diretórios municipais nomeados por influência de Olimpio, ex-presidente do órgão, e Bozzella, que se tornou uma espécie de porta-voz informal da legenda. O objetivo é deixar o máximo de complicações para quem assumir o diretório —provavelmente, o próprio Júnior Bozzella.

Desde que a crise entre Bolsonaro e Bivar veio a público e externou de vez o racha interno do partido, o PSL de São Paulo intensificou as dissoluções de diretórios no interior. Na lista obtida pelo Globo, muitos dos órgãos inativados continham uma sinalização “Bozzella” na coluna “motivo” para a destituição.