O Estado de S. Paulo, n. 46933, 17/04/2022. Política, p. A8

Comandou o SNI durante a Ditadura Militar



O general de divisão reformado do Exército Newton Cruz morreu anteontem aos 97 anos no Hospital Central do Exército,  no Rio. O militar foi chefe da Agência Central do Serviço Nacional de Informações (SNI) durante a ditadura militar, entre 1977 a 1983, e  um dos acusados pelo atentado do Riocentro, em 1981. Ele deixa quatro filhos.

Newton Cruz nasceu em 24 de outubro de 1924, no Rio. Entrou no Exército em 1941, sendo promovido a general-de-brigada em abril de 1976. Naquele ano, foi nomeado comandante da Artilharia Divisionária, em Pouso Alegre (MG). e um ano depois, deixou o regimento para assumir o cargo de chefe da Agência Central do SNI. 
Considerado um dos principais defensores da ditadura, o general ficou conhecido não apenas por não ter impedido o atentando no Riocentro – o mais emblemático de uma série de explosões provocadas por agentes da repressão, insatisfeitos com o processo de abertura política –, mas por falas polêmicas e jeito agressivo. 
Em 1983, ao conceder uma entrevista coletiva, pegou um jornalista pelo pescoço depois de mandá-lo calar a boca e o arrastar pelo braço. No mesmo ano teve o nome envolvdo no assassinato do jornalista Alexandre von Baumgarten, ex-diretor da extinta eevista O Cruzeiro.

Um ano antes de deixar o posto, teria sido um dos responsáveis pela destruição de milhares de documentos do regime. Em 1994, filiou-se ao PSD e concorreu ao governo do Rio – ficou em terceiro lugar, com 14% dos votos válidos.

Riocentro. Na noite de 30 de abril de 1981, uma bomba explodiu em um carro no estacionamento do centro de convenções Riocentro, em Jacarépaguá. Naquele momento, a cantora Elba Ramalho se apresentava no palco do show de 1º de maio para uma plateia de 20 mil pessoas.

Logo após o atentado, o Exército instaurou um inquérito policial militar (IPM) destinado a apurar o caso. A investigação foi conduzida pelo então coronel Job Lorenna de Sant’Anna, que atribuiu os fatos a terroristas de esquerda. Em 1999, nova investigação resultou no indiciamento de  de Wilson Machado, por homicídio qualificado, e de Newton Cruz por falso testemunho.

A denúncia foi aceita pelo Superior Tribunal Militar (STM), mas arquivada depois pela mesma Corte e pelo Superior Tribunal Federal.  A investigação oficial definitiva começou apenas em 2012 sob o Ministério Público Federal do Rio, que acusou 5 pesoas-só 5, no entanto, estavam vivas.

dDe acordo com o MPF, Newton soube do atentado com antecedênciae antemão e autorizou que fosse adiante. Os procuradores pediram pena mínima de 36 anose seis meses de prisão, por homicídio tentado, formação de quadrilha, ou bando, transporte de explosivos,  fraude processual e favorecimento pessoal.. Ele nnca foi condenado.

Em 2014, Cruz foi listado pea Comissão da verdadecomo um dos 377 militares que cometeram crimes durante oa ditadura.