O Globo, n. 31499, 03/11/2019. País, p. 10

Presidente diz que pegou áudio em portaria e ataca governador
Amanda Almeida
Aline Macedo


O presidente Jair Bolsonaro declarou ontem que pegou os áudios das ligações realizadas pela portaria do condomínio Vivendas da Barra, onde fica sua casa, antes que, segundo ele, as gravações fossem“adulteradas ”. Bolsonaro não especificou a data em que teve acesso aos arquivos, analisados no inquérito que investiga a morte da vereadora Marielle Franco.

Bolsonaro voltou a acusar o governador do Rio, Wilson Witzel, de “manipular” a investigação do crime para envolver seu nome.

— Nós pegamos (os áudios) antes que fosse adulterado, pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica. A voz não é minha, não é o “seu Jair”— afirmou.

A declaração foi uma referência ao depoimento do portei rodo condomínio, que disse ter ligado para a casa de Bolsonaro e que o próprio presidente teria autorizado a entrada de Élcio de Queiroz— um dos suspeitos do assassinato de Marielle — no condomínio, no dia do crime. O Ministério Público do Rio informou, na sexta, que os áudios contradizem o relato do porteiro e que quem autorizou a entrada de Élcio foi o outro suspeito da morte, o ex-policial Ronnie Lessa, também morador do condomínio.

Witzel solicitou à Polícia Civil que investigue a origem de um vídeo, que circula em redes sociais, no qual o governador é acusado de perseguir Bolsonaro. O inquérito corre em sigilo.

Na montagem, feita sobre cenas de um filme da franquia “Velozes e furiosos”, uma nova dublagem diz que a equipe de Witzel estaria tentando espalhar conteúdos contrários ao presidente.

Também ontem, em Brasília, Bolsonaro defendeu endurecera lei antiterrorismo ao comentar afra sedes eu filho, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ,sobre a possibilidade de um “novo AI-5”.

— Ele fez uma comparação hipotética com o Chile. No lugar dele, eu diria que deveríamos muda ralei do terrorismo, para enquadrar esses atos de incendiar metrô, prédios — afirmou.