O Estado de S. Paulo, n. 46936, 20/04/2022. Política, p. A12

Bolsonaro elogia atuação do Exército em 2016

Eduardo Gayer

 

Ao participar da cerimônia em homenagem ao Dia do Exército, ontem, o presidente Jair Bolsonaro disse que o comando da Força marcou a história do Brasil em 2016, ano do impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Embora Bolsonaro não tenha explicado a qual episódio se referia, o então comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, disse anos depois da destituição de Dilma, que dois políticos de esquerda o sondaram, naquela época, sobre a decretação de um estado de defesa no País.

"Em 2016, em mais outro momento difícil da nossa Nação, a participação do então comandante do Exército, Villas Bôas, marcou a nossa história", afirmou Bolsonaro. No estado de defesa há restrições ao direito de reunião e de comunicação por 30 dias, podendo a suspensão de garantias individuais ser prorrogada por igual período. Dilma sempre negou a acusação e cobrou explicações de Villas Bôas, para quem o Brasil correu risco institucional durante o impeachment.

Dois anos depois, em 2018, o general publicou um tuíte no qual fazia um "alerta" ao Supremo Tribunal Federal (STF), na véspera de a Corte negar um habeas corpus que, se aceito, evitaria a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Asseguro à Nação que o Exército brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia", dizia o tuíte. A manifestação foi interpretada como ameaça velada ao STF, caso o petista fosse solto naquele ano eleitoral.

Eleição. Bolsonaro declarou ontem que as Forças Armadas "sabem o que é melhor" para o Brasil, e voltou a questionar o sistema eleitoral. "Não podemos, jamais, ter eleições sobre as quais paire o manto da suspeição", disse.

O presidente citou os anos de 1922, 1935, 1964 (época do golpe militar) e 1986 (transição), quando disse que o Exército sempre esteve presente nos momentos difíceis. Além de Villas Bôas, compareceram à solenidade o vice-presidente Hamilton Mourão e os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo, Luiz Fux.