O Estado de S. Paulo, n. 46938, 22/04/2022. Economia & Negócios, p. B3

Planalto quer evitar desgaste político com veto a reajuste

Eduardo Gayer
Iander  Porcella


O medo do Palácio do Planalto é o Congresso inserir no texto do Auxílio Brasil a elevação de R$ 400 para R$ 600 e obrigar o presidente Jair Bolsonaro a vetar a mudança, por conta da falta de recursos no Orçamento. Esse veto poderia gerar desgaste político para o presidente, pré-candidato à reeleição, e ainda ser derrubado por parlamentares.

Apesar de ter no Legislativo uma ampla base governista, que cresceu ainda mais na janela partidária, o Executivo considera que até deputados aliados poderiam votar com a oposição para não ganharem a pecha de "inimigos do aumento do auxílio" em ano eleitoral. Este é mais um motivo para driblar o Congresso e impedira votação da MP, segundo defende um auxiliar do Planalto

A oposição, mesmo correndo o risco dedara Bolsonaro um ganho eleitoral, está disposta a defender o benefício de R$ 600, por meio da aprovação de uma emenda à MP. Na visão de parlamentares de esquerda, a "paternidade" da benesse no imaginário da população dependeria da narrativa que se mostrar mais eficaz.

Até o momento, foram apresentadas 51 emendasà MP. As sugestões demudança no texto protocoladas por partidos de oposição, como PT, PSOL, PSB, PCdoB e PDT, incluem, além de elevar o valor do Auxílio Brasil para R$ 600, tornar o benefício permanente. Da forma como foi editada pelo governo, a medida só prevê o pagamento de R$ 400 até o fim de 2022.

O recente ganho de fôlego político do chefe do Executivo, com alta das intenções de voto nas pesquisas eleitorais, é atribuído, em parte, ao pagamento do benefício, que substituiu o Bolsa Família – criado nos governos do PT, rival do governo nas urnas. / E.G. e I.P.