O Globo, n.31.582, 25/01/2020. País. p.08

Pivô de recriação de pasta, secretário foi cogitado para a PF

 

Articulador da ida de secretários de Segurança Pública ao Planalto para a conversa com o presidente Jair Bolsonaro na qual veio à tona a possibilidade de recriação do Minsitério da Segurança, na última quarta, o atual titular da área no Distrito Federal, Anderson Torres, é um nome citado para cargos no governo federal desde a transição, especialmente pela sua proximidade com o ministro Jorge Oliveira (SecretariaGeral) e o deputado Eduardo Bolsonaro. A última vez que seu nome ganhou força foi quando Bolsonaro ameaçou no ano passado tirar Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal. Foi justamente a resistência do ministro Sergio Moro que impediu a troca.

Na véspera da reunião no Planalto, Torres fez uma crítica ao Ministério da Justiça em ofício encaminhado à pasta. Ao pedir informações sobre o "exato grau de ameaça" à população do Distrito Federal após a fuga de presos ligados a uma facção criminosa paulista, reclamou do "silêncio" sobre o tema. O líder dessa organização, Marcos Herbas Camacho, conhecido como "Marcola", está preso desde março do ano passado no DF. Delegado da Polícia Federal, Torres entrou para a corporação em 2003. Ele coordenou as investigações para combate ao crime organizado na Superintendência da PF em Roraima. Em 2011, passou a atuar como assessor do então deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR), que viria a ser um dos primeiros a embarcar no projeto presidencial de Bolsonaro. Por esta atuação, Torres se aproximou de Oliveira e de Eduardo. O próprio presidente o considera de "extrema confiança". Essas relações fizeram com que seu nome fosse citado como possível diretor-geral da Polícia Federal quando a vitória de Bolsonaro nem sequer tinha se concretizado. Apesar do bom trânsito na corporação, o fato de ter trabalhado apenas oito anos como delegado efetivamente, apesar de ter 16 anos de carreira, pesava contra.

Seu nome voltou a ser cogitado no governo quando, em agosto do ano passado, Bolsonaro ameaçou trocar o diretor-geral da PF, após encontrar resistência para emplacar o nome que desejava para a superintendência do Rio. Oliveira, que despacha quase diariamente com Bolsonaro, afirmou na época que o nome de Torres estava circulando no Planalto, lembrando que havia sido cogitado já durante a transição. Moro resistiu ao movimento e o presidente acabou desistindo da troca.