O Globo, n.31.581, 24/01/2020. Economia. p.18

‘Agora olham para nós como fonte de crescimento’
Daniel Rittner 


Em um balanço de seus quatro dias de atividades no Fórum Econômico Mundial, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou ontem que a elite política e empresarial reunida em Davos passou a ver o Brasil como nova fonte de crescimento para a economia global. Ele fez uma comparação com o ambiente no ano passado e assegurou que a abordagem dos investidores com o país agora é outra.

—A descrença e ratão grande, botaram agente tão lá embaixo, que a expectativa era zero — afirmou Guedes, antes de se despedir do Fórum e voltar para Brasília.

Segundo o ministro, a reforma da Previdência e o cumprimento da meta para privatização de ativos foram sinais bem recebidos. Segundo ele, no evento do ano passado a imagem do Brasil ainda estava arranhada por causada corrupção e havia preocupação com eventuais “excessos” do presidente Jair Bolsonaro.

—Não esperavam quase nadada gente e agora olham par agente como fonte decrescimento—disse Guedes, relatando conversas com autoridades do Fundo Monetário Internacional (FMI), que lhe falaram sobre a “desaceleração sincronizada” da economia mundial. — A América Latina está estagnada. A Argentina está ferrada, a Venezuela está ferrada. Quando a gente olha para a América Latina, só o Brasil aparece.

Guedes garantiu que nenhum investidor em Davos levantou com ele questões ambientais. Ele disse ter ouvido elogios ao “bom funcionamento da democracia brasileira” e fez questão de “dividira responsabilidade (pela recuperação econômica) com o presidente e com o Congresso”.

—O resultado disso é que as reformas estão avançando, e o Brasil virou anova fronteira de investimentos — afirmou. — Só Estados Unidos, China e Cingapura receberam mais investimentos diretos estrangeiros do que o Brasil em 2019.

A partir das discussões em Davos, Guedes disse avaliar que “vão existir moedas regionais fortes” dominando o mundo daqui a 15 ou 20 anos.

O ministro ainda se reuniu com o autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juán Guaidó. Ele pediu que os líderes mundiais reunidos em Davos o reconheçam como chefe de Estado e o ajudem a reintegrar o país à economia global.