O Estado de S. Paulo, n. 46942, 26/04/2022. Economia & Negócios, p. B3

Petrobras é alvo de ao menos 11 investigações no Cade

Guilherme Pimenta
Lorenna  Rodrigues


Pressionado pelo Palácio do Planalto e pelo Ministério da Economia para tomar ações que resultem na queda do preço dos combustíveis, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) tem ao menos 11 investigações abertas que envolvem direta ou indiretamente a Petrobras, segundo levantamento realizado pelo órgão a pedido do Estadão/broadcast. Há processos abertos desde 2009, e a maioria ainda não teve resultados práticos.

As investigações abordam a estatal em várias frentes: variam de apurações sobre reajustes nos preços dos combustíveis, passam por subsidiárias e vão até fornecimento a termoelétricas. No início deste ano, quando o preço dos combustíveis começou a aumentar de modo expressivo, a Superintendência-geral do Cade abriu dois inquéritos administrativos para investigar a estatal. Até o ano passado, a superintendência era comandada pelo atual presidente da autarquia, Alexandre Cordeiro.

A posse do novo conselheiro do Cade Gustavo Augusto, ex-assessor especial do presidente Jair Bolsonaro, colocou mais lenha nessa fogueira. Ele defendeu, em entrevista ao Estadão/broadcast, o aprofundamento das investigações contra a Petrobras, ao dizer que a companhia pratica uma “conduta anticoncorrencial” ao definir os preços dos combustíveis com base nas ações de um cartel internacional – a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). A entrevista gerou reações do Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás Natural (IBP), que rebateu as declarações do novo conselheiro.