Título: Eleição interna é inédita para Genoino
Autor: Tina Vieira
Fonte: Jornal do Brasil, 18/04/2005, País, p. A3

O atual presidente nacional do PT, José Genoino, não foi eleito para ocupar o posto que hoje é dele. Em 2001, quem ganhou a eleição para presidir o partido foi José Dirceu, atual chefe da Casa Civil do governo. Naquele ano, o Movimento PT também tinha um candidato- Tilden Santiago, atual embaixador do Brasil em Cuba. Na disputa de 2001, Dirceu, do Campo Majoritário, foi eleito no primeiro turno com 56%, contra os 9% de votos de Tilden Santiago.

Com a eleição de Lula e a ida de Dirceu para o governo, Genoino assumiu o comando do partido para o que o líder do governo, deputado Arlindo Chinaglia, chama de ''mandato tampão''. Genoino havia acabado de ser derrotado na eleição para o governo de São Paulo e muitos acharam que a entrega do comando do partido a ele era uma espécie de prêmio de consolação.

Para a cúpula do partido, no entanto, além de Genoino ser o sucessor natural de Dirceu, já que ele era o vice-presidente do partido, sua escolha tinha outra explicação: o governo precisava de um presidente com bom trânsito dentro e fora do partido.

Em dois anos de governo, Genoino foi um árduo defensor do Planalto. Brigou com os radicais, teve papel decisivo na expulsão de colegas contrários à reforma da Previdência, e por diversas vezes assumiu o papel de defensor público das críticas e denúncias contra o governo. Mas, ao se tornar defensor incondicional do Planalto, na avaliação de alguns colegas, acabou se afastando da militância do partido.

- A militância está até mais radical do que nós. Devemos abrir um debate interno sobre o que é o PT e o que é o governo - afirmou Tilden Santiago, embaixador do Brasil em Cuba e um dos maiores opositores do apoio do Movimento PT à candidatura de Genoino à reeleição.

O próprio presidente do PT admite que o partido e o governo Lula precisam reconquistar a militância.

- É o grande momento de fazer uma religação com a base. Em alguns momentos, nos últimos dois anos, essa relação ficou esgarçada - disse Genoino, após o encontro do Campo Majoritário, semana passada, que definiu a sua candidatura para a eleição de setembro.

No encontro do fim de semana, a desastrosa condução da eleição para a presidência da Câmara e a derrota na eleição para a Prefeitura de São Paulo foram contabilizadas como dois grandes fracassos de Genoino.

- É um erro indicar o nome do Genoino para assumir todas as culpas - defendeu o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (SP).

- Não tenho dúvidas de que após a eleição, o Genoino sairá fortalecido e o PT unido - completou.