Título: De volta ao passado
Autor: Tina Vieira
Fonte: Jornal do Brasil, 18/04/2005, País, p. A3

O Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo juntará hoje velhos companheiros e integrantes do governo para festejar os 30 anos da posse de Luiz Inácio Lula da Silva na presidência da entidade que o projetou nacional e internacionalmente. Será um ''choque de emoções'', na definição de Djalma Bom, de 66 anos, ex-diretor do sindicato, ex-vice-prefeito de São Bernardo do Campo e ex-deputado. Dos 23 diretores que tomaram posse com Lula, em 1975, a expectativa é que 15 compareçam.

A posse de Lula, na verdade, ocorreu no dia 19 de abril de 1975, mas, por conta de outros compromissos do presidente, o sindicato antecipou o evento. Djalma Bom afirma que o ato será simples. Haverá a exibição de um vídeo contando a trajetória de Lula à frente do sindicato. Um telão instalado do lado de fora do prédio permitirá ao público assistir à cerimônia. Os ministros José Dirceu, da Casa Civil, e Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência, acompanharão Lula. Após a o evento, a intenção é fazer um encontro reservado entre Lula, a primeira-dama Marisa Letícia e os diretores.

- Uma das principais motivações do encontro é tirar o Lula do ambiente de Brasília e fazê-lo voltar às raízes - disse Bom, que foi suplente do conselho fiscal do sindicato na primeira gestão de Lula.

Para ele, ''Brasília é um ninho de cascavel e aqui no sindicato só tem a turma que o ama, que não quer nada em troca, só carinho''.

Rubens Teodoro de Arruda, o Rubão, de 67 anos, tem opinião semelhante. Vice-presidente de Lula na gestão de 1975 a 1978, afirmou que os velhos companheiros ficarão satisfeitos apenas com a atenção do presidente.

- Sei que o meu Baiano, às vezes, dá umas pisadas de bola violentas, mas, na qualidade de ex-torneiro mecânico, ele está fazendo muita coisa.

Paulo Vidal, a quem Lula substituiu na presidência do sindicato, em 1975, é mais crítico:

- Acreditava que, chegando à Presidência, ele viesse ao encontro de tudo o que vivenciamos - lamenta, reconhecendo, entretanto, que o Lula presidente da República não pode governar com a cabeça do Lula presidente do sindicato.