O Globo, n.31.580, 23/01/2020. Economia. p.18

Em Davos, Guedes mostra Brasil a investidores
Daniel Rittner

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentou a carteira de concessões e privatizações do Brasil a investidores no Fórum Econômico Mundial, em Davos. Guedes prometeu “reformas até o último dia” de governo:

— Todas as dúvidas sobre a democracia brasileira se dissolveram, e nós estamos compartilhando o sucesso (da recuperação da economia) com o Congresso.

O ministro também participou de um encontro com CEOs de grandes multinacionais e buscou desfazer a impressão negativa deixada por seu comentário da véspera, de que “a pobrezaéap iori ni migado meio ambiente” eque as pessoas desmatam porque“precisam comer ”. O próprio ministro, posteriormente, já havia afirmado que a questão ambiental poderia afetar investimentos no Brasil.

Na reunião, fechada à imprensa, Guedes disse que nenhum país deseja desmatar ou ver suas florestas incendiadas.

E explicou seu raciocínio: que as maiores cobranças ao Brasil vinham justamente de países que já destruíram suas florestas, seja por fome e desconhecimento de seus habitantes em outras épocas, seja por ataques a minorias éticas.

—Agora falei certo? —perguntou Guedes a interlocutores na saída da reunião.

APOIO À ENTRADA NA OCDE

Guedes se reuniu com o ministro das Finanças do Reino Unido, Sajid David. Segundo o brasileiro, os britânicos querem um acordo com o Mercosul logo após o Brexit:

—Elem e disseque tem urgência como Brasil. Os britânicos querem mergulhar numa piscina nova—disse Guedes.

—Nós pressupomos que a Argentinava inos acompanhar.Se ela não acompanhar ...

Segundo o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais, MarcosTroyjo, que acompanhou Guedes na maioria das reuniões, negociar será fácil porque o Reino Unido é o país menos protecionista da Europa. Troyjo acrescentou que o Brasil já pode avançar com os britânicos, independentemente dos sócios no Mercosul, sobre temas não tarifários.

Sajid, segundo Guedes, também garantiu apoio “enfático” à entrada do Brasil na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Já o comissário de Comércio da UE, Phil Hogan, transmitiu o compromisso de engajamento de Bruxelas com a assinatura do acordo com o Mercosul.

O governo quer atrair investimentos estrangeiros para as concessões e privatizações no país. Guedes citou dados da Unctad, mostrando que o Brasil foi o quarto país a mais atrair investimento estrangeiro direto em 2019, atrás apenas de Estados Unidos, China e Cingapura.

— O encontro do ministro com investidores para apresentar o PPI [Programa de Parcerias de Investimento] e trazer recursos para o Brasil demonstra que o governo está preocupado em resolver conhecidos gargalos nos setores de logística e infraestrutura —afirmou Cristiane Spercel, analista da área de infraestrutura da Moody’s.

UPS DE OLHO NOS CORREIOS

Já Aurélio Bicalho, economista-chefe da Vinland Capital, pondera que, para os estrangeiros voltarem, é preciso avançar com as reformas, especialmente a tributária.

No PPI, o governo destaca a oportunidade de investir quase R$ 220 bilhões em infraestrutura no Brasil em 30 anos. Já o programa de privatizações quer levantar R$ 150 bilhões só neste ano. A venda dos Correios, disse Guedes, deve ocorrer “no máximo” em 2021.

Fontes do governo e mD avos disseram, soba condição de anonimato, que a UPS está interessada nos Correios.