O Globo, n.31.578, 21/01/2020. País. p.07

Trinta agentes e diretor de presídio são presos no Paraguai após fuga
Rayanderson Guerra 

 

Trinta agentes penitenciários e o diretor do presídio em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, Christian González, foram presos, ontem, sob suspeita de facilitarem a fuga de 75 presos brasileiros e paraguaios no último domingo. A ministra da Justiça paraguaia, Cecilia Pérez, colocou o cargo à disposição do presidente, Mario Abdo Benítez, que não aceitou a demissão. Benítez determinou que Cecilia continue à frente dos trabalhos de busca pelos foragidos. Ontem, um preso foi recapturado pela polícia paraguaia.

— Há uma forte suspeita de que os funcionários estejam envolvidos no esquema de corrupção — declarou a ministra, apontando que os criminosos são de alta periculosidade:

—Este é um trabalho de várias semanas. É evidente que o pessoal sabia e não fez nada.

Segundo o governo paraguaio, os fugitivos são integrantes da maior facção criminosa que atua em presídios de São Paulo e ao menos 40 deles têm origem brasileira. A penitenciária paraguaia fica na fronteira com a cidade de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul (MS).

Um brasileiro de 30 anos, que tinha escapado da prisão, foi preso quando caminhava numa rodovia próxima à fronteira. Durante a abordagem de agentes do Departamento de Operações da Fronteira (DOF), ele ficou bastante nervoso e confessou que era um dos fugitivos. Eduardo Alves da Cruz é de Imperatriz (MA) e cumpria pena no presídio regional por tráfico de drogas há quatro anos.

MAIS UMA FUGA

No Acre, 26 presos fugiram da unidade penitenciária Francisco d’Oliveira Conde (FOC), na madrugada de ontem. De acordo com a Secretaria de Estado da Justiça e Segurança Pública do Acre, os detentos fizeram um buraco na parede da cela e escaparam pelo muro com cordas formadas por lençóis. Um detento foi recapturado e os outros 25 continuam foragidos.

O coronel Ricardo Brandão dos Santos, secretário de Segurança em exercício, afirmou que o envolvimento de agentes públicos na fuga está sendo investigado. O secretário também informou que pediu auxílio da Polícia Federal (PF) e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para apurar uma possível relação entre as fugas ocorridas no estado e no Paraguai. Nos dois casos, os presos pertencem à mesma facção criminosa.

—Não podemos descartar nada — afirmou o coronel, que quer mais apoio federal na segurança do estado.