Título: Exportação e desenvolvimento
Autor: Antonio Oliveira Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 18/04/2005, Economia & Negócios / Além do fato, p. A18

O critério mais imediato para medir o desenvolvimento de um país é o do crescimento anual de sua renda per capita. Critério que tem a vantagem de expressar o desenvolvimento através de um número-síntese e a desvantagem de, sendo um valor médio, não revelar como se distribuem seus frutos entre as diferentes camadas da sociedade. Também o critério da renda por habitante não leva em conta que, em países onde há excesso de regulamentação sobre o trabalho e pesada carga tributária, essa medida do desenvolvimento fica comprometida pela válvula de escape da informalidade na economia subterrânea. No ano eleitoral de 2002, as nuvens de incerteza que pairavam sobre a economia nacional e, em conseqüência, os desafios que os novos governantes teriam de enfrentar estavam muito centrados na vulnerabilidade externa do país. Fragilidade essa que só poderia ser vencida por alentados superávits na balança de comércio, gerados através de forte expansão das exportações. Com efeito, esse movimento de expansão, que tem seu começo na adoção do regime cambial da taxa flutuante, registra um aumento de quase US$ 40 bilhões no valor de nossas vendas ao exterior, entre 2002 e 2004. Esse aumento, ano após ano, é que hoje permite ao país prescindir de um novo acordo com o FMI. A vulnerabilidade externa caiu acentuadamente e, com ela, a percepção de risco que o Brasil representava para o mercado internacional.

Mas há um outro enfoque que pode ser dado à marcha ascendente das exportações. É a composição da pauta. Vale a pena recordar que o subdesenvolvimento está vinculado à exportação de produtos primários e o avanço econômico à exportação de bens industrializados, que agregam valor ao produto final.

É dentro dessa ordem de idéias que vale a pena examinar como evoluiu nossa pauta de exportações, tomando como ponto de partida, no tempo, o ano de 1980. Entre esse ano e 2000, a participação de produtos manufaturados no total das exportações passou de 44,8% a 59%; dentre os manufaturados, as exportações de bens de capital evoluíram de 8,4% para 14,9%. É bem verdade que essas relações de valor baixaram, quando se compara o ano 2000 com 2004, em função do agronegócio, impulsionado em seu crescimento pelos preços das ¿commodities¿ e a destacada presença da China no comércio mundial. Modificaram-se, portanto, as proporções da pauta. Mesmo assim, a participação dos produtos manufaturados no valor do total das exportações, em 2004, é de 53% e, no tocante aos bens de capital, de 13%.

Essas relações que desenham a nova estrutura de nossas exportações, se consideradas como critério qualitativo para pôr em evidência o desenvolvimento econômico, mostram que a economia nacional não está estagnada e apontam para as virtudes do comércio exterior, como fator propulsor do desenvolvimento econômico.