Título: Palocci pede fim de barreira agrícola
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Fonte: Jornal do Brasil, 18/04/2005, Economia & Negócios, p. A18

Ministro volta a cobrar extinção de tarifas e diz que fim do protecionismo traria US$ 250 bi por ano ao comércio internacional

WASHINGTON - O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, pediu ontem ao Comitê de Desenvolvimento do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial a liberalização de barreiras agrícolas que países ricos impõem a nações em desenvolvimento. De acordo com o ministro, uma conclusão bem-sucedida da Rodada de Doha implicaria em ganhos de US$ 250 bilhões anuais até 2015, dos quais mais de um terço deste montante corresponderia a países em desenvolvimento.

- Até dois terços destes ganhos estimados estariam relacionados com a reforma do comércio agrícola. Segundo informações da Organização Mundial do Comércio, isto significaria um estímulo ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de países com poucos recursos, da ordem de 2% e de 1,3% para a África Subsaariana - afirmou Palocci.

A defesa de Palocci recebeu o apoio dos ministros latino-americanos que falaram ontem ao Comitê de Desenvolvimento do Fundo. Os ministros afirmaram que, sem a liberalização agrícola, será impossível atingir as metas fixadas para 2015, há cinco anos, por 180 líderes mundiais que se reuniram na ONU.

O ministro da Fazenda pediu ainda que o FMI simplifique sua fórmula de cotas para dar mais voz e participação aos países pobres, a fim de facilitar o acesso a recursos financeiros.

- Pedimos ao FMI que revise a fórmula de cotas. Se o fundo adotar esta medida, as mudanças na fórmula de cotas teria impacto imediato no acesso a recursos financeiros - disse Palocci ao Comitê de Desenvolvimento do Banco Mundial e ao FMI.

O ministro ressaltou que é necessário manter uma discussão sobre como aumentar a representação e influência dos países em desenvolvimento em organismos internacionais e destacou que, para o Brasil, o caminho passa por aumentar seu poder de voto acumulado.

Palocci participou em Washington da Reunião de Primavera do Banco Mundial e do FMI, que acabou ontem. Durante o encontro, Palocci manteve contatos com o diretor-gerente do Fundo, o espanhol Rodrigo Rato, e com o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Snow, entre outros.

Durante o final de semana, Palocci recebeu elogios da cúpula do G7, o grupo dos sete países mais ricos do mundo, sobre a saída do Brasil do acordo com o FMI. Para o G7, o país teve uma bem-sucedida cooperação com o FMI e acertou ao manter a política monetária firme, apesar de não renovar o acordo com o Fundo.