Título: Conflitos minimizados
Autor: Rafael Rosas
Fonte: Jornal do Brasil, 18/04/2005, Economia & Negócios, p. A19
Especialistas em comércio exterior afirmam que conflitos de interesse entre indústria e agricultura em relação à abertura de mercado não são apenas comuns, mas também esperados. Para Siegfried Bender, professor do Departamento de Economia da FEA/USP, especializado em economia internacional, a abertura de mercados para os produtos agrícolas é muito difícil e a indústria faz de tudo para não ficar atrelada às negociações de commodities do campo.
- O condicionamento a acordos agrícolas pode levar a perdas em relação a acordos bilaterais, o que acabaria prejudicando a indústria - adverte Bender.
Para ele, é factível a pressão de setores isolados contra demandas brasileiras pelo fim de subsídios agrícolas, embora admita não conhecer pressões organizadas dos industriais.
- Se houvesse organização, aí sim haveria briga, mas por enquanto acredito que são apenas conflitos potenciais - pondera.
Rinaldo Fonseca, professor do Instituto de Economia da Unicamp, afirma que as rixas entre os setores são comuns.
- Em todas as negociações, cada setor negocia seus interesses e tenta empurrar a conta para outro segmento - diz.
Fonseca vai além e afirma que ''a briga tem que ser assim mesmo, até chegar a um arranjo comum''.
- O setor de serviços é o que tem menos forças para pressionar o governo em relação às negociações internacionais. E a agricultura não se importa com o que acontece com os serviços. Conflitos potenciais sempre existem e sempre há uma moeda de troca. O importante é que no fim aconteça um jogo de soma zero - afirma.