Correio Braziliense, n. 21403, 22/10/2021. Cidades, p. 13

DF aguarda ministério para ampliara 3ª dose

Samara Schwingel


A aplicação da dose de reforço, conhecida como terceira dose, das vacinas contra a covid-19 passou a ser um dos focos dos gestores do Governo do Distrito Federal (GDF) para fortalecer o combate à pandemia. A expectativa é de que o reforço seja ampliado para toda a população acima de 12 anos. Porém, a Secretaria de Saúde ressalta que aguarda determinações do Ministério da Saúde. Enquanto não há ampliação do público apto para receber a terceira dose, a pasta distrital pede para que as pessoas iniciem e completem o ciclo vacinal. A partir de hoje, as regras para recebimento da segunda dose serão alteradas.

Em coletiva, realizada ontem, o secretário de Vigilância à Saúde, Divino Valero, destacou a importância do reforço. “A partir do momento que começou a se perceber o aumento dos casos seis meses após a vacinação de certos grupos, o Ministério da Saúde começou a recomendar a dose de reforço para pessoas acima de 60 anos e com seis meses de segunda dose, e profissionais de saúde. O reforço tem uma importância ímpar, porque ele garante o aumento ainda maior da imunização. Nos dá uma segurança adicional”, disse.

Em relação à aplicação da terceira dose em outros grupos, o gestor afirmou que o GDF tem essa expectativa, mas depende de questões técnicas. “Dependemos de uma leitura técnica científica mais consolidada e orientada pelo PNO (Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra covid-19) e dos repasses de doses para que possamos executar essa etapa”, complementou. Até o momento, o DF vacinou 86.573 pessoas com reforço. No total, 2,2 milhões de pessoas receberam a primeira dose, 1,4 milhão a segunda e 58.240 doses únicas. Ontem, foram 3.287 aplicações de D1, 11.740 de D2 e 4.082 de reforço. Com a atualização, 73,25% dos habitantes da capital iniciaram a imunização e 49,99% completaram o ciclo vacinal.

Segunda dose

Também durante a coletiva, os gestores anunciaram que não haverá mais antecipação da segunda dose das vacinas da AstraZeneca/Oxford e da Pfizer/BioNTech. Agora, as pessoas que completarem oito semanas, prazo equivalente a dois meses, após a primeira dose poderão buscar a segunda dose nos postos disponíveis no dia. A decisão se baseou nas recomendações do Ministério da Saúde — que, nesta semana, reduziu o intervalo de 12 para oito semanas entre as doses dos imunizantes. A mudança passa a valer a partir de hoje. 

Pesou na decisão da secretaria a chegada de cerca de 800 mil doses de vacinas, sendo 340 mil da CoronaVac e 460 mil da Pfizer. “Agora, temos doses suficientes para, com folga, estarmos esperando as pessoas nos postos”, explicou o secretário em Vigilância à Saúde. Apesar do avanço da campanha de imunização, os gestores da secretaria não estimaram quando o DF vai chegar a 70% ou mais da população com duas doses de vacinas. Além disso, na capital federal, ainda não se projeta o fim do uso obrigatório de máscaras.

“Esse vírus tem um processo de adaptabilidade biológica ao longo do tempo e estamos sujeitos, inclusive, a termos outras cepas ou não. Então, fica difícil falar em questões de prevenção não-farmacológicas, mas, a certeza que temos é de que só vamos falar disso quando atingirmos 80% ou mais da população imunizada e observar o comportamento do vírus”, acrescentou Divino.

Hospitais de campanha

Após seis meses de funcionamento, o GDF vai desativar o hospital de campanha do Autódromo Nelson Piquet. A decisão do secretário de Saúde do DF, general Manoel Pafiadache, foi tomada após análise de uma comissão técnica do contrato com a empresa gestora da unidade do Plano Piloto, do Gama e de Ceilândia. Segundo ele, foram feitas observações em relação aos contratos, e, devido à necessidade de tratamento dos pacientes com covid-19 que já estão internados nas unidades do Gama e de Ceilânia, o contrato desses hospitais foram renovados.

“O Ministério Público (MPDFT) e a Controladoria da secretaria (de Saúde) acompanham o cumprimento das exigências feitas pelo comitê em relação ao contrato. Tudo está sendo avaliado para ser corrigido. Corrigido, seguimos com a empresa”, explicou o general. Na negociação, houve a diminuição do preço da diária do leito, saindo de

R$ 3.692,60 para R$ 3.479,77. Ainda não há data para a desativação do hospital do Autódromo, mas foi feita a instrução para que novos pacientes não sejam enviados ao local.

O hospital no centro de Brasília conta com 100 leitos de unidade de cuidado intermediário (UCI) como retaguarda para casos graves de covid-19. Com a desativação, 22 pacientes internados na unidade serão transferidos. A partir de então, o DF passará a contar com cerca de 360 leitos para tratar a doença, sendo: 100 do hospital de campanha do Gama, 100 do hospital de campanha de Ceilândia e 160 do hospital da Polícia Militar — que depende de avaliação do Tribunal de Contas para renovação do contrato.

Ontem, a pasta apresentou dados que mostram que, no hospital de campanha de Ceilândia, unidade que recebe apenas pacientes infectados pela covid-19, dos 404 pacientes que passaram pelo hospital desde maio deste ano, 322 (cerca de 79%) não tinham recebido nenhuma dose de vacina contra o novo coronavírus. Dos 226 que vieram a morrer na unidade, 167 (74%) não tinham iniciado a imunização. Das 404 pessoas, 51 haviam recebido duas doses de vacina e 31 apenas uma dose. Em relação aos mortos, 44 tinham o ciclo vacinal completo e 15 haviam tomado apenas uma dose dos imunizantes.

Vacinados no DF

Faixa etária        D1          D2

80 anos ou mais               128,93%              117,48%

79 a 75 anos      115,27%              107,34%

74 a 70 anos      104,27%              106,13%

69 a 65 anos      99,01%                 101,88%

64 a 60 anos      99,15%                 96,89%

59 a 55 anos      96,41%                 106,77%

54 a 50 anos      92,96%                 97,63%

49 a 45 anos      87,56%                 87,74%

44 a 40 anos      80,59%                 73,32%

39 a 35 anos      76,98%                 62,35%

34 a 30 anos      76,06%                 52,83%

29 a 25 anos      86,60%                 43,63%

24 a 20 anos      86,93%                 36,68%

18 e 19 anos      82,57%                 20,78%

12 a 17 anos      74,35%                 1,14%