O Globo, n. 31449, 14/09/2019. País, p. 10

Sessão do Senado homenageia os 50 anos do Jornal Nacional


O Senado fez ontem uma sessão solene em homenagem aos 50 anos do Jornal Nacional, completados no último dia 1º. Um vídeo com trechos de reportagens históricas do JN foi exibido na Casa, que recebeu o vice presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo, João Roberto Marinho, e do vice-presidente de relações institucionais do grupo, Paulo Tonet Camargo. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEMAP), e o senador Jorge Kajuru (Patriota-GO), autor do requerimento para a homenagem, discursaram. Em sua fala, João Roberto Marinho destacou que a liberdade de expressão e de imprensa são pilares fundamentais da democracia e que esses valores, hoje, precisam ser reforçados:

— Estamos precisando reafirmar isso. É uma pena que isso seja necessário, mas estamos precisando reafirmar. O vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo lembrou que ficou consagrado classificar a imprensa como “o quarto poder”, e discordou da definição, enfatizando que a principal característica do jornalismo não é ter poder, mas sim um direito: o de informar.

— Com o tempo, a ênfase (na expressão) recaiu de tal modo na palavra poder, que há muito nós do Grupo Globo nos afastamos dela, não a endossamos. A imprensa, essa é a verdade, não tem poder, não no sentido que lhe é atribuído; tem, sim, um direito que esta Casa nunca se cansou de defender com ardor, por saber que é essencial a toda democracia: o direito de informar — afirmou.

— Em seu direito de informar, à imprensa cabe apenas jogar luz sobre todos os fatos relevantes, sejam políticos, econômicos, humanos, científicos, e é por isso que eu rechaço a ideia de poder, porque, se houver outro propósito senão o de informar, um veículo de imprensa não sobrevive por muito tempo, e não, certamente, por 50 anos.

O papel do Senado também foi citado:

— Se podemos perseverar na independência, é graças ao Senado, que se empenha sempre em fortalecer a imprensa, em robustecê-la, em evitar que paixões políticas ou incompreensões momentâneas sobre o papel da imprensa possam minar um direito tão sagrado para a democracia, que é o direito de informar — disse João Roberto Marinho. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, lembrou que assistia ao JN na infância, junto dos pais, e reforçou a necessidade de uma imprensa livre no regime democrático:

— Não há democracia sem uma imprensa livre e imparcial, que permita aos cidadãos conhecer os fatos e livremente opinar sobre eles. Um Congresso forte e independente e uma imprensa livre são sinônimos de uma democracia cada vez mais sólida e estável. João Roberto Marinho afirmou que a essência de um jornalismo de qualidade está na independência em relação aos poderes constituídos.

— Não há imprensa, não há jornalismo de qualidade sem independência. A independência da imprensa a que me refiro não é, no entanto, um capricho, um ato de vontade, mas o requisito básico e indispensável ao jornalismo. A despeito disso, a independência cobra um preço — prosseguiu.

— Ao jornalismo profissional também não há alternativa: pode ser penoso, num momento ou noutro, e aqui não me refiro a quando somos criticados com severidade, de modo justo ou injusto. A crítica é um direito de todos. Eu me refiro a momentos em que a imprensa está diante de ameaças, de retaliações concretas ou insinuadas, ou quando a imprensa se depara com tentativas de intimidações em palavras ou em atos. Mesmo nesses momentos, é preciso perseverar na independência, porque, sem ela, não há isenção, pedra de toque da informação de qualidade.

De norte a sul

O Jornal Nacional, nas palavras de João Roberto Marinho, teve papel na formação da unidade do país:

— Quando foi ao ar pela primeira vez, em 1969, o Jornal Nacional realizava um sonho de meu pai, Roberto Marinho: jogar luz sobre os fatos, unir os brasileiros em torno da informação relevante, bem apurada, com isenção e checada e rechecada, e unir um Brasil, de Norte a Sul, em torno das notícias transmitidas. Como brasileiros a serviço de brasileiros, nosso desejo é o progresso do nosso Brasil, fiquem seguros disso, e nossa contribuição é esta: ao nos dedicarmos ao jornalismo, informarmos com qualidade. O senador Jorge Kajuru frisou o reconhecimento, inclusive fora do país, ao conteúdo produzido pelo JN:

— Ao longo de meio século, vimos pelo JN as grandes transformações na política, na ciência, na religião, no esporte, nos costumes, na cultura e na tecnologia. Acompanhamos a nossa história e vimos o reconhecimento do JN extrapolar fronteiras. Neste 2019, o jornalismo da Globo concorre ao prêmio Emmy Internacional pelo 13º ano consecutivo. O senador Eduardo Braga (MDB-AM) destacou o rigor do jornalismo do JN:

— O rigor técnico, as inovações tecnológicas e a qualidade primorosa do trabalho de comunicação são reconhecidos no mundo inteiro. É o padrão Globo de qualidade. Randolfe Rodrigues (RedeAP) também discursou:

—O JN é um ponto de afirmação da integridade nacional. E a liberdade de imprensa é um direito fundamental para a transformação social.

“Não há imprensa, não há jornalismo de qualidade sem independência”

João Roberto Marinho, vice-presidente do Conselho de Administração do Grupo Globo

“Por meio século, vimos pelo JN as grandes transformações na nossa história”

Jorge Kajuru, senador

“Não há democracia sem uma imprensa livre, que permita aos cidadãos conhecer os fatos”

Davi Alcolumbre, presidente do Senado