Título: Jucá transferiu patrimônio, diz revista
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Fonte: Jornal do Brasil, 17/04/2005, País, p. A6
A revista Época que circula esta semana publica denúncia contra o ministro da Previdência Romero Jucá, segundo a qual afirma que entre 1994 e 2002, boa parte do seu patrimônio foi passado para o nome de parentes e amigos. Na opinião dos especialistas, essa manobra poderia revelar uma tentativa de esconder o valor da sua renda. A matéria da Época sob o nome ''Jucá empobreceu. No papel'', faz uma comparação da declaração de renda apresentada em 1994 quando, pela primeira vez, o ministro foi eleito senador, e a de 2002, data da sua reeleição.
De acordo com a reportagem do semanário, na declaração apresentada em 1994 ao Tribunal Regional Eleitoral de Roraima, compunha o patrimônio de Jucá uma fazenda de 1.091 hectares no interior de Roraima, uma casa e três terrenos em Pernambuco (onde nasceu), uma casa em Boa Vista e uma casa e salas comerciais em Brasília. Já na declaração de 2002, o atual ministro da Previdência informou ser dono de R$ 230 mil em dinheiro e um terreno na Praia de Pau Amarelo, em Pernambuco, avaliada pelo próprio em R$ 4 mil. De acordo com a reportagem de Época, entretanto, uma investigação em cartórios de Brasília, Recife e Roraima revelou que os ''bens saíram do Imposto de Renda, mas continuaram muito próximos de Jucá''.
A matéria da revista cita que um dos casos é o da casa de Brasília, que fica em uma das áreas mais valorizadas da cidade - no Lago Norte -. O imóvel serve de moradia à família de Jucá, sua mulher Teresa e quatro filhos. Teresa é prefeita de Boa Vista. A propriedade está no nome dos filhos com ''usufruto vitalício'', ou seja, a casa que vale R$ 700 mil só poderá ser vendida pelos herdeiros depois da morte dos pais.
Segundo a reportagem de Época a casa de Recife, na Rua Minas Gerais, também desapareceu da declaração de 2002, mas abriga a Diagonal Urbana Consultoria, empresa criada pelo irmão de Jucá, Álvaro. A Diagonal ganhou em 2001 um contrato de R$ 1,8 milhão com a Prefeitura de Boa Vista, na gestão da esposa do ministro. E o mais interessante, de acordo com relato, a empresa foi a única candidata na licitação. De acordo com a reportagem, o contrato deveria durar 36 meses, mas a prefeitura pagou tudo no primeiro ano e fez aditivo para pagamento extra de R$ 425 mil.
Em Brasília, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) evitaram falar sobre as denúncias. Dirceu apenas tentou demonstrar a tranquilidade do governo em relação a situação do ministro.
- Não se discute mais esse assunto. É um fato superado - garantiu, apesar das novos fatos.