Título: Suspeita de fraude atrasa renovação
Autor: Mariana Santos
Fonte: Jornal do Brasil, 17/04/2005, Brasília, p. D1

A renovação do parque tecnológico da Câmara Legislativa vem se arrastando há pelo menos três anos. Em 2002, foram abertas duas licitações para a locação de equipamentos modernos e aquisição de novos servidores de rede. No entanto, os dois procedimentos foram questionados por suspeitas de fraude. O processo de compra de servidores para substituição dos antigos, datados de 1996, acabou suspenso. A CTIS Informática foi a vencedora da concorrência para o aluguel de 211 computadores e 150 impressoras, e assinou um contrato de dois anos no valor de R$ 5,8 milhões. O serviço começou a valer a partir de 2003. O então primeiro-secretário da Casa, deputado Paulo Tadeu (PT), fez denúncias de superfaturamento à Comissão de Tomada de Contas Especiais. Em seu relatório, Paulo apontou que a locação de cada computador por 24 meses custaria R$ 16,8 mil, valor suficiente para comprar quatro máquinas.

- Além de a Câmara pagar praticamente quatro vezes o valor dos equipamentos locados, ao final de dois anos, não vai tê-los incorporados ao seu patrimônio - dizia um trecho do relatório.

A Mesa Diretora à época decidiu rescindir o contrato com a empresa de informática em setembro de 2004. A Câmara bancou uma indenização de R$ 746 mil - o equivalente ao montante que seria pago à CTIS até o fim da vigência do contrato - e os computadores ficaram na Casa.

Em outubro do ano passado, 96 computadores desembarcaram na Câmara, onde estão até hoje. Emprestados pela Linknet Informática, via Instituto Candango de Solidariedade, as máquinas serviriam para assegurar um contrato de locação de 500 PCs para renovação do parque tecnológico do Legislativo, baseada em um levantamento feito pela Codeplan a pedido do ex-presidente Benício Tavares (PMDB). O desconforto maior na Câmara aconteceu porque a vice-presidência, ocupada hoje pelo deputado Chico Floresta (PT), responde pela informática da Casa, e a Linknet foi denunciada pelo PT durante as eleições de 2002 por suposto envolvimento com o governador Joaquim Roriz no uso de dinheiro público para financiar sua campanha.