Título: Planalto quer aliança em São Paulo
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/04/2005, País, p. A3

O Planalto intensificou o namoro com o PMDB com vistas a uma aliança para 2006, tanto no plano federal - reeleição de Luiz Inácio Lulada Silva - quanto para a disputa do governo de São Paulo. Nesta semana, o chefe da Casa Civil, ministro José Dirceu, teve uma longa conversa com o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP). Na conversa, alternativas para pôr um fim no racha da bancada na Câmara e uma possível parceria, tendo Temer como vice de um candidato petista ao Palácio dos Bandeirantes. Essa aproximação arquitetada pela articulação política do governo visa manter dois canais de diálogo com o PMDB.

A intenção é não deixar a costura política passando apenas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), que, desde a vitória para a presidência do Senado, tem se apresentado como interlocutor preferencial. Muitos peemedebistas e mesmo integrantes da cúpula do governo duvidam que Renan tenha força suficiente para trazer o PMDB em peso para os braços do Executivo.

- O Renan quer ser a ponte, mas ele não tem todo este tamanho - alfinetou um integrante do diretório nacional do PT.

Temer corre em paralelo. Foi conversar com Dirceu afirmando que o PMDB vai continuar garantindo a ''governabilidade''. Lá pelas tantas, de acordo com Temer, o chefe da Casa Civil indagou se era verdade que ele assumiria a liderança do PMDB na Câmara, renunciando à presidência do partido.

- Eu disse que não. Afirmei que alguns parlamentares do partido me procuraram para que eu assumisse o cargo temporariamente, até a escolha de um novo líder - reforçou o peemedebista.

A idéia seria que Temer assumisse a liderança por um prazo de 20 dias a um mês, até que uma nova eleição para líder fosse marcada. Desde o fim do ano passado, José Borba (PMDB-PR) e Saraiva Felipe (PMDB-MG) disputam a golpes de facão o cargo.

Michel Temer foi evasivo ao comentar a possibilidade de ser vice na chapa petista ao governo de São Paulo em 2006.

- Pouco depois das eleições municipais, o Mercadante brincou comigo: já imaginou, uma chapa comigo para o governo e você como vice? Seria imbatível - teria provocado o senador.

O presidente nacional do PMDB garantiu que a resposta foi clara: tanto no plano federal quanto no estadual, a intenção é ter candidatos próprios. Mas não são questões fechadas. Neste momento, é muito difícil, mas não diria impossível.

Durante a sua agenda no interior de São Paulo, Mercadante elogiou a ''capilaridade'' do PMDB. Frisou que foi um erro o PT não ter se aliado aos peemedebistas na campanha de reeleição de Marta Suplicy para a prefeitura de São Paulo.