Correio Braziliense, n. 21411, 30/10/2021. Política, p. 4

Iniciativa de Aras é elogiada

Luana Patriolino


A iniciativa do procurador-geral da República, Augusto Aras, de abrir investigação preliminar para apurar crimes imputados pela CPI da Covid a 13 autoridades com foro privilegiado, como o presidente Jair Bolsonaro, foi elogiada por especialistas, embora seja vista como uma medida ainda tímida do PGR.

O jurista Marco Aurélio de Carvalho disse que Aras "deu o primeiro passo, ainda insuficiente, mas que, de qualquer forma, temos de reconhecer e aplaudir". "É o início de, talvez, uma declaração de independência. Sabemos que o PGR foi conduzido e reconduzido pelo presidente da República. Esperamos que ele faça cumprir as obrigações que lhe foram conferidas pelo texto constitucional", frisou.

Carvalho também destacou o trabalho minucioso da CPI da Covid. "Extremamente bem apurado e bem construído ao ouvir juristas, movimentos sociais e especialistas. Fez um trabalho muito cuidadoso e, seguramente, dará algum resultado", ressaltou.

Para o cientista político Sérgio Praça, da Fundação Getulio Vargas, Aras precisa contar com o apoio de todos os Poderes. "Para o PGR avançar em algo, creio que seria necessário um ambiente em que várias instituições topassem auxiliá-lo a chegar a um objetivo. Exemplo: se o Legislativo e a sociedade quisessem o impeachment de Bolsonaro, Aras poderia avançar nas investigações para aumentar o 'clima' de impeachment. Afinal, por que Aras enfrentaria Bolsonaro sozinho? Não faz sentido", observou.

Além da investigação, o PGR determinou o compartilhamento das informações com todos os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) responsáveis por apurar casos relacionados à pandemia do novo coronavírus. No despacho, ele também solicita a verificação da existência de todos os procedimentos correlatos às denúncias da CPI da Covid que estejam sob investigação da PGR, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ).