Título: Brasil rejeita morte de refém
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Fonte: Jornal do Brasil, 16/04/2005, Internacional, p. A7

O ministro brasileiro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reafirmou ontem que o governo não reconhece a morte do engenheiro brasileiro João José Vasconcellos Júnior, 49, que desapareceu no Iraque no dia 19 de janeiro. A informação foi divulgada pelo Jornal Nacional, com base em uma fonte britânica com acesso às investigações.

- Não tivemos confirmação, portanto não temos razão para deixar de investigar - disse o ministro.

Segundo a reportagem, o reverendo britânico Andrew White, que trabalhava como negociador no caso - a empresa de segurança que prestava serviços à construtora Odebrecht no Iraque é da Grã-Bretanha - afirmou em Jerusalém que João foi baleado no momento do seqüestro, no qual dois seguranças morreram. O brasileiro não teria resistido aos ferimentos e morrido assim que chegou ao cativeiro.

O Itamaraty não quis comentar o que qualificou de ''especulações''' sobre o caso. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o governo continua em contato com a construtora para achar o refém.

Para White, se João José estivesse vivo, os rebeldes sunitas o teriam exibido, como fazem com os outros reféns, para forçar o pagamento de resgate. Além disso, os seqüestradores mataram um de seus homens quando este conseguiu se aproximar do grupo e estariam pedindo US$ 400 mil para devolver o corpo do brasileiro. A carteira de mergulho do engenheiro, exibida há algumas semanas pelo governo, foi entregue, de acordo com White, pelos rebeldes, para comprovar que estariam falando a verdade. O pastor declarou que se afastou do caso porque, segundo a matéria, ''infelizmente nada mais há a fazer''.

Em Juiz de Fora, parentes de João José repetiram as afirmações do ministro. Um dos filhos dele, Rodrigo, afirmou que sua família foi comunicada antes sobre o teor da reportagem divulgada na quinta-feira. A mulher do engenheiro, Tereza, não assistiu ao noticiário, mas perguntou aos filhos o que foi informado. Rodrigo admitiu que, em razão disso, não conseguiu freqüentar ontem as aulas na universidade.

- Não existe nenhuma prova de que meu pai tenha morrido - afirmou. O estudante enfatizou que enquanto não existirem evidências que confirmem a morte de Vasconcellos Jr., a família manterá as esperanças.