O Globo, n. 31439, 04/09/2019. País, p. 8

Filho de deputada entra em colégio militar sem concurso


A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) matriculou seu filho no Colégio Militar de Brasília sem que ele passasse pela prova habitual exigida pela instituição. A deputada argumenta que o filho foi alvo de ameaças na internet e que não se sentia segura em mantê-lo estudando em São Paulo.

A informação foi antecipada pela revista “Veja” e confirmada pelo GLOBO. Zambelli afirma que o filho começou a estudar no colégio interinamente e não fez a prova do concurso porque não era época das avaliações e ele precisaria sair de São Paulo urgentemente.

— Então, de forma emergencial, ele veio, mas a matrícula demorou alguns meses para sair até porque deviam estar avaliando perfil. Teve que fazer uma prova, é avaliado também o perfil do aluno na parte de disciplina, hierarquia — disse a deputada ao GLOBO.

Normas

De acordo com a revista “Veja”, a parlamentar pediu a vaga por ter se mudado para Brasília e argumentou que o pedido estava embasado pelo artigo 92 do Regulamento dos Colégios Militares, que diz que “os casos considerados especiais poderão ser julgados pelo Comandante do Exército”.

Em transmissão ao vivo pelas redes sociais, a deputada justificou o pedido apresentando o regulamento, além de mostrar um boletim de ocorrência com registro da ameaça a seu filho.

— Existe dentro do Regimento do Colégio Militar. Temos no artigo 92 que os casos considerados especiais são julgados pelo Comandante do Exército. O caso do meu filho foi considerado especial por conta de eu ser ameaçada por exercer uma atividade pública da forma como eu exerço — disse a deputada.

O artigo 52 do mesmo regulamento permite a possibilidade de ingresso na instituição sem a aprovação no concurso, mas as situações citadas englobam apenas dependentes ou filhos de militares.

No Twitter, Zambelli publicou o e-mail que recebeu com as ameaças. No texto, o anônimo faz referências pornográficas e diz que a deputada não pode esconder o filho na casa de familiares.

Zambelli ressaltou que seu filho não tirou a vaga de ninguém:

— Ele foi analisado, está sendo analisado pelo colégio. Não é assim, não tem concurso pronto, acabou. É uma excepcionalidade, não tirou o cargo de ninguém, fez prova, fez avaliação, foi avaliado, ainda está sendo avaliado pela hierarquia e disciplina — afirmou a deputada.