Título: A conexão internacional do ecstasy
Autor: Ricardo Albuquerque
Fonte: Jornal do Brasil, 16/04/2005, Rio, p. A13

Estudante carioca de 24 anos é preso ao desembarcar no Rio com 31 mil comprimidos da droga e 1Kg de skunk

Um estudante carioca de 24 anos, de classe média, morador da Zona Sul do Rio, fez a sua última viagem à Europa. Preso na madrugada de ontem, por agentes federais no Aeroporto Internacional Tom Jobim, com 31 mil comprimidos de ecstasy e um quilo de skunk - conhecido como supermaconha pelo alto poder alucinógeno -, o acusado é suspeito de integrar uma quadrilha internacional que utiliza vôos com escalas em Lisboa e no Nordeste do Brasil para confundir as ações da polícia. Cada pílula de ecstasy custa, em média, R$ 50 para o consumidor. Essa foi a maior apreensão da drogas sintéticas no Estado do Rio desde 2003, quando dois israelenses desembarcaram com 47.700 comprimidos. Os produtos apreendidos ontem, avaliados em R$ 1,6 milhão, estavam em uma mala de viagem, que chegou ao Rio antes do acusado. O material foi despachado por outra pessoa de uma capital do Nordeste do Brasil, passando antes por Lisboa, onde o brasileiro fez escala depois de embarcar em Amsterdã, capital da Holanda.

O nome do preso não foi divulgado, para não atrapalhar as investigações da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Federal, que pretende fazer outras duas apreensões de drogas sintéticas ainda neste semestre.

O delegado Alfredo Dutra da Silva Neto, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), revelou que as investigações começaram há 25 dias, acompanhado a ação de suspeitos nos aeroportos.

- Temos certeza de que mais oito pessoas estão envolvidas nesse esquema internacional. Para capturar este brasileiro fomos obrigados a esperar cerca de 12 horas - explica.

O tempo de espera para a captura mobilizou parte da equipe da DRE-DPF, que contou com apoio de agentes federais que trabalham na alfândega do aeroporto. Surpreendido por mais de 30 policiais às 4h, o acusado não resistiu à prisão e responderá por tráfico de drogas.

No final da tarde, os agentes federais apreenderam um caminhão com 400 quilos de maconha, que estavam escondidos no fundo falso do veículo, na altura de Seropédica, na Baixada Fluminense.

- Lamento verificar que cada vez mais aumenta a quantidade de brasileiros envolvidos com o tráfico internacional, trazendo e levando produtos nocivos, como se fossem verdadeiras mulas, achando que nunca serão pegos - observa Alfredo Dutra.

Na Indonésia, dois brasileiros ficaram famosos depois de serem presos com drogas. O paranaense Rodrigo Muxfeldt Gularte, 32 anos, e o carioca Marco Archer Cardoso Moreira, 43, foram capturados e condenados à morte. A polícia indonésia prendeu Rodrigo com seis quilos de cocaína escondidos em suas pranchas de surf, em 2004, e Marco com 15 quilos, na sua asa delta, em 2003.

Eles perderam o último apelo à Suprema Corte, dependendo agora de um improvável perdão presidencial para serem beneficiados com prisão perpétua. Ambos fizeram várias viagens bem-sucedidas para muitos países, antes de serem flagrados no aeroporto da capital Jacarta, portão de entrada para se chegar na Ilha de Bali, na Ásia.

Ainda na madrugada de ontem, outro traficante, desta vez estrangeiro, foi preso no Rio. Policiais militares do Grupamento Especial Tático-Movel (Getam) renderam, na Rua Real Grandeza, em Botafogo, Janari Vasconcelos, de 50 anos. Os PMs abordaram o suspeito no momento em que ele saía de um bar. Janari é foragido da Justiça, acusado de tráfico internacional de drogas, com mandado de prisão expedido pela 1ª Vara Criminal Federal. Entre 1993 e 1999, cumpriu pena por tráfico e foi colocado em liberdade condicional. Em 2003, a polícia descobriu que o acusado continuava traficando drogas. Levado para a 10ª DP (Botafogo), Janari foi transferido para a carceragem da Polinter, na Zona Portuária.