Correio Braziliense, n. 21415, 03/11/2021. Economia, p. 7

A voz dos governadores da Amazônia sobre o clima



Os governadores de nove estados integrantes do Consórcio Interestadual da Amazônia Legal vão à COP26 para atrair e resgatar investimentos nas áreas de clima e florestas. A ideia é atrair iniciativas que possam ter sido abortadas em razão das ações do governo federal e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A ausência do presidente em Glasgow é considerada, inclusive, como uma oportunidade para estreitar os laços e captar recursos e parcerias internacionais em projetos voltados para a bioeconomia na Amazônia.

O grupo será comandado pelo governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). À frente da comitiva do Amazônia Legal, ele se reunirá com o diretor-geral da Tropical Forest Alliance (TFA), Justin Adams. Em seguida, participa de um encontro sobre negócios sustentáveis promovido pelo Príncipe Charles, juntamente com potenciais parceiros dos estados amazônicos. Esse evento propõe conexões de impacto ("matchmaking") entre governos amazônicos e investidores na área de clima e florestas.

O governador paraense quer apresentar à COP26, políticas públicas para combate ao desmatamento e queimadas, como a Operação Amazônia Viva, que embargou 256 mil hectares de áreas devido ao desmatamento ilegal, 9.970 metros cúbicos de madeira em tora extraída de forma ilegal apreendida entre outras apreensões.

Sobre as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE), o grupo vai apresentar o programa Amazônia Agora. A iniciativa tem como meta reduzir, no mínimo, 37% de GEE provenientes da conversão de florestas e do uso da terra, até 2030 — em relação à média entre os anos de 2014 a 2018. A partir de apoios adicionais, o objetivo é ampliar esse patamar para 43% de redução até dezembro de 2035. Segundo estimativa do Amazônia Agora, o Pará se tornará um estado zero emissão até 2050.

Em abril deste ano, governadores dos estados que compõem o Amazônia Legal — Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins — assinaram uma carta pública na qual se comprometeram a direcionar recursos obtidos em negociações internacionais para contribuir com questões relacionadas ao clima e à preservação do meio ambiente. (RF)