O Estado de S. Paulo, n. 46963, 17/05/2022. Economia & Negócios, p. B2

Bolsonaro afirma que haverá mais mudanças na Petrobras

Eduardo Gayer


O presidente Jair Bolsonaro acenou ontem para a possibilidade de mais mudanças na Petrobras. "Tem mais coisa para acontecer na questão da Petrobras. Já sabem o que está acontecendo. Não vou entrar em detalhes, está sempre fazendo alguma coisa para buscar alternativa", declarou o chefe do Executivo a apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada.

Como mostrou reportagem do Estadão, o presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, passa por um processo de fritura no governo apenas um mês após assumir o cargo. Ele é ligado ao ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque, demitido por Bolsonaro na semana passada após um novo reajuste dos combustíveis – os constantes aumentos têm sido motivo de desgaste de Bolsonaro, que tenta a reeleição em outubro.

As declarações do presidente foram feitas pela manhã, em Brasília, antes da viagem do presidente a São Paulo, mas só divulgadas à tarde por um canal bolsonarista no Youtube – o material que foi ao ar foi editado.

Bolsonaro voltou a criticar a empresa por seus lucros e sua política de preços. "Com toda certeza vamos entrar na Petrobras nessas questões também. Não é possível petrolífera dar 30% de lucro enquanto as outras dão no máximo 15%, para atender a interesses não sei de quem", disse aos simpatizantes em frente ao Palácio do Alvorada, onde para diariamente para falar com apoiadores.

'Fim Social'. Na avaliação do chefe do Executivo, "todo mundo tem de colaborar" e a Petrobras precisa exercer sua função social. "Todo mundo tem de colaborar, não é ganhar mais dinheiro na crise. É o que infelizmente alguns setores fazem, como a própria Petrobras. 'Ah tem o estatuto'. Estatuto está acima da lei, não está acima da Constituição. Então, tem o fim social da empresa. O que está em jogo é o futuro do Brasil", disse.

O presidente também disse esperar redução no ICMS incidente sobre combustíveis nos Estados após o ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), atender ao pedido do governo e suspender a forma de cobrança do imposto pelos governadores. Na semana passada, a Petrobras aumentou o valor do diesel na refinaria em 8,87%. No acumulado em 12 meses, o combustível já subiu 52,53%, ante 12,05% da inflação oficial. 

Queixas

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