O Estado de S. Paulo, n. 46964, 18/05/2022. Política, p. A11

PT admite desistir de Senado em Minas por acordo com PSD

Giordanna Neves


Em prol de um acordo entre PT e PSD em Minas Gerais, o deputado federal Reginaldo Lopes (PT-MG) admitiu ontem, ao Estadão/broadcast, que pode desistir de disputar o Senado. Líder do PT na Câmara, o parlamentar aceitou o convite para coordenar a campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida ao Planalto e ficar à frente das negociações em Minas.

O maior impasse para a concretização da aliança era a vaga ao Senado na chapa majoritária. "Foi me dada a missão de coordenar a campanha e de fechar aliança, de entregar a aliança Lula e (Alexandre) Kalil em Minas. Pode ser que eu saia candidato, que eu saia a vice, vai depender da conversa", disse o deputado.

Ex-prefeito de Belo Horizonte, Kalil será candidato a governador. Os petistas defendiam a indicação de Lopes para o Senado, enquanto o PSD, presidido por Gilberto Kassab, insistia na reeleição do senador Alexandre Silveira.

Em troca do apoio do PT à candidatura de Kalil ao governo de Minas, Lopes disse que o PSD ofereceu a vice na chapa majoritária. No entanto, de acordo com ele, a proposta de lançar dois senadores na disputa ainda persiste. "Ofereceram a vice e eu quero continuar dizendo que poderíamos ter dois senadores. Mas estamos em uma fase de diálogo. Há tendência de consolidar aliança", disse Lopes.

A Coluna do Estadão mostrou ontem que Kassab e Lula negociam entregar a vice ao deputado estadual André Quintão (PT). O atual candidato a vice, Agostinho Patrus (PSD), ganharia uma vaga no Tribunal de Contas do Estado (TCE). Reginaldo Lopes, no entanto, disse que o nome ainda não foi discutido e será definido pelo próprio PT. "Eles queriam que eu fosse, estou avaliando todas as hipóteses, mas ainda não tem nada decidido."

Rio. Já no Rio de Janeiro, o PT pode fechar uma aliança com o PSB. Os pessebistas esperam que o PT abra mão de indicar um nome para o Senado na chapa majoritária em favor da coligação, assim como ocorre em Minas Gerais. Nos dois Estados, a disputa pelo Congresso tornou-se o maior impasse para o arranjo eleitoral.

O PT defende a indicação do deputado e presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), André Ceciliano, para o Senado, enquanto o PSB aposta no deputado federal Alessandro Molon. O deputado federal Marcelo Freixo (PSB) é o pré-candidato ao governo apoiado pelas legendas.

Apesar da divergência, Ceciliano disse que o PSB tem acordo com PT no Estado e que mantém seu nome à disposição do partido ao Senado. "A situação em Minas é muito diferente. O PSD não está na aliança nacional com o PT", afirmou. "Você tem de ampliar o palanque e trazer coisas que você não tem. Se amanhã o Eduardo Paes (prefeito do Rio de Janeiro, do PSD) pedir a vaga ao Senado eu dou, porque o PSD não está na aliança nacional", disse Ceciliano. 

Oferta

Em troca de abrir mão da vaga ao Senado, PT recebeu oferta de ocupar vaga de vice de Kalil