Correio Braziliense, n. 21416, 04/11/2021. Política, p. 4
PSD se movimenta por protagonismo em 2022.
Raphael Felice
A um ano das eleições, o PSD se movimenta para tentar se tornar um peso pesado na corrida eleitoral. Depois de anunciar a filiação do Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), que deve ser o candidato do partido à Presidência da República, a sigla negocia com dois quadros: o apresentador de televisão José Luiz Datena, para concorrer a uma vaga no Senado, e Geraldo Alckmin (PSDB), que mira o retorno ao governo de São Paulo.
O PSD já tem os três senadores de Minas Gerais e, agora, busca se consolidar, também, em São Paulo. “São os dois maiores colégios eleitorais. A ideia é maximizar o poder eleitoral da sigla. Alckmin é favorito ao governo de São Paulo e traz Pacheco, que, apesar de nem de longe ser favorito ao Planalto, é Presidente do Senado, é um candidato novo e vai continuar no mandato de senador”, afirmou o cientista político André Rosa. “É importante para o PSD manter a sigla forte para seguir no primeiro escalão e negociar cargos, seja quem for o presidente eleito. A barganha política fica muito mais cara quando você tem atores políticos mais consagrados, com maior apelo na opinião pública.”
Fiel da balança
O cientista político Valdir Pucci também vai na linha de que o PSD pretende ser um dos “fiéis da balança no jogo político”. Ele explicou que o interesse do presidente do partido, Gilberto Kassab, em conseguir quadros de renome é atrair candidaturas, também, para a Câmara dos Deputados. “Quando ele coloca candidatos populares, na verdade está fazendo uma movimentação interna para que esses nomes consigam levantar postulantes a deputado federal. A própria distribuição do fundo partidário e, depois, também do fundo eleitoral dependem da quantidade de votos dos eleitos para deputado federal”, frisou.
Ao Correio, o senador Otto Alencar (BA), um dos caciques do PSD, elogiou os movimentos do partido, que vão na linha do “centro social”. “São bons quadros para o partido consolidar ainda mais o seu centro social, de focar na educação, na saúde e na austeridade monetária e fiscal”, ressaltou. “Datena, no aspecto social, é um candidato que tem essa afinidade e, principalmente, pelo seu trabalho correto e fidedigno. Alckmin é um grande quadro, foi governador em São Paulo e fez o estado crescer e se desenvolver”, avaliou
Leia mais: https://www.cbdigital.com.br/correiobraziliense/04/11/2021/p4
Pré-candidato quer vender Petrobras
Em evento realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, o Partido Novo apresentou, oficialmente, seu pré-candidato à Presidência da República: o cientista político Felipe d'Avila. Ele fez um discurso pró-reformas e de forte apelo à agenda liberal, anunciando que pretende, se eleito, vender a Petrobras no "primeiro dia de governo".
"Nós vamos vender a Petrobras no primeiro dia de governo. É um absurdo a empresa ser usada como fonte de corrupção por governos populistas de esquerda e de manipulação de preços pelo populismo de direita", enfatizou.
Questionado sobre como convencer o Congresso a aprovar a venda da estatal, o pré-candidato afirmou que a resistência, no Parlamento, em relação a "pautas importantes" se deve à falta de comando do governo e de definição de prioridades por parte do Executivo.
"O Congresso Nacional, quando você sabe apresentar as questões, ele aprova, sim, como algumas já foram aprovadas. O Parlamento não avança com reformas importantes porque não tem liderança de governo", disparou. "O governo não prioriza a pauta e não se põe na linha de frente para contribuir com aqueles que têm a mesma demanda. Nós, se eleitos, vamos ter um consenso claro com relação a prioridades da nossa pauta."
D'Avila criticou os governos do PT e do presidente Jair Bolsonaro e os definiu como "populismo de direita e de esquerda".
"O que está em jogo é a sobrevivência da liberdade e do governo constitucional. Esse é o ponto a que nos chegamos depois de duas décadas de governos populistas de esquerda e de direita", afirmou. "O populismo de esquerda arruinou a ética na política. É o pai do mensalão, do petrolão e do uso das estatais para financiar projetos de políticos e partidos. O de direita piorou a situação, pois, além disso, trouxe incompetência de gestão pública e incapacidade de ocupar a cadeira da presidência."
Diálogo
O pré-candidato pregou diálogo para chegar a um ponto em comum com diferentes posições políticas, em especial as que compõem a terceira via. Com relação à polarização Lula-Bolsonaro, ele destacou não haver como dialogar com extremos e disse que ambos representam o que chamou de "PCC" — patrimonialismo, corporativismo e clientelismo.
Quero discutir propostas, e não pessoas. Quando a gente transforma a discussão em torno de pessoas, se afasta da construção de propostas para resolver os problemas dos brasileiros", argumentou. "Lula e Bolsonaro têm agenda própria. Quero conversar com os candidatos da terceira via. Não é que eu não converso com eles, é porque eles têm visões de partida completamente diferentes das que nós acreditamos. Eles são defensores desse PCC, então, não tem conversa ali", acrescentou. (RF)