O Estado de S. Paulo, n. 46552, 01/04/2021. Metrópole, p. A18

País bate recorde e fica perto de 4 mil mortes em 24h

Marco Antônio  Carvalho
Daniel  Bramatti
Marcelo de  Moraes


O Brasil registrou 3.950 mortes pela covid-19 em 24 horas, novo recorde diário de vítimas, segundo dados reunidos pelo consórcio da imprensa. O País tem assistido a um aumento vertiginoso de casos, internações e óbitos ao longo do último mês. Em março, 66.868 morreram pelo novo coronavírus, 20.799 nos últimos sete dias.

A média móvel diária de óbitos ficou em 2.971 ontem. Esse cálculo leva em consideração dados dos últimos sete dias e, na prática, soma os registros do período e divide por sete para entender a tendência da curva. A média está acima de 2 mil desde o dia 17 e agora se aproxima de 3 mil, o que coloca o Brasil com a maior média de todo o mundo no momento. No total, os óbitos chegaram a 321.886.

O cenário é formado por uma piora considerável em diferentes regiões. Onze unidades da Federação estão com a maior média diária de mortes da pandemia: Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. A maior média absoluta é observada em São Paulo, onde morreram 821 pessoas a cada 24 horas nos últimos sete dias.

Vinte e quatro Estados e o Distrito Federal mantêm a taxa de ocupação de UTIS covid acima de 80%, conforme boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz divulgado anteontem. Dezessete e o DF apresentam taxa acima dos 90%. O total de novas infecções nas últimas 24 horas ficou em 89.200, segundo dados das secretarias estaduais de Saúde reunidos pelo consórcio formado por Estadão, G1, O Globo, Extra, Folha e UOL.

Sem alinhamento. O comitê de crise criado pelos três Poderes para avançar nas medidas contra a pandemia teve nova reunião ontem. No encontro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-al), e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reforçaram a necessidade de máscaras e do distanciamento social. A posição não foi seguida pelo presidente Jair Bolsonaro, que criticou medidas de isolamento e lockdown.

"Não é ficando em casa que vamos solucionar esse problema", disse Bolsonaro. "Essa política continua sendo adotada, mas o espírito dela era se preparar com leitos de UTI, respiradores, para que as pessoas não viessem a perder suas vidas por falta de atendimento", criticou num pronunciamento feito sem máscara – só colocou após ser alertado pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria.

O contraste de posições ficou mais nítido porque Bolsonaro não participou da coletiva feita pelos outros membros do grupo. Queiroga usou jogo de cintura para não bater totalmente de frente com o presidente. "No feriado, não pode haver aglomerações desnecessárias. É importante usar máscara, manter o isolamento. Medidas extremas não são desejadas", ponderou.

Perdas

821 óbitos

Foi a média diária de mortes pelo novo coronavírus no Estado de São Paulo, a mais alta de toda a pandemia. Dezessete Estados e o Distrito Federal têm lotação de UTIS superior a 90%, diz Fiocruz.